Ter, 06/06/2006 - 15:30
No que toca à empregabilidade, o Estabelecimento Prisional de Bragança (EPB) é um exemplo a nível nacional, dada a sua abertura à comunidade.
Segundo o director geral dos Serviços Prisionais, Luís Miranda Pereira, a relação da cadeia de Bragança com os empresários da região é fundamental, visto que para além de ocupar e formar os reclusos, também é uma forma de os ajudar a reintegrarem-se no mercado de trabalho.
No EPB, dos 94 reclusos que se encontram a cumprir pena, 26 estão empregados em empresas públicas e privadas do Nordeste Transmontano, sendo a Câmara Municipal de Bragança a principal entidade empregadora.
Os empresários da região mostram-se satisfeitos com o trabalho desempenhado pelos prisioneiros, pelo que, muitas vezes, acabam por lhe fazer propostas de trabalho quando saem em liberdade.
Aposta na formação profissional
A falta de mão-de-obra qualificada é outro dos motivos que leva os empresários a recorrer ao trabalho dos reclusos.
“A vantagem para as empresas de poderem recrutar reclusos é colmatar a falta de mão-de-obra. Muitas vezes, precisarmos de pessoal para trabalhar e não encontramos, enquanto na prisão encontramos pessoas com qualificação profissional”, acrescentou o empresário, Amândio Maduro.
Para facilitar a integração dos prisioneiros no mercado de trabalho, a cadeia de Bragança, em parceria com o Centro de Formação Profissional, facultam cursos aos reclusos em diversas áreas.
Na óptica do director geral dos Serviços prisionais, a formação profissional é uma boa aposta para a reinserção social dos reclusos, mas nem sempre é fácil alcançar os objectivos.
“O que muitas vezes acontece é que as cadeias estão cheias de pessoas que estavam ligadas ao mercado da droga e depois não sabem fazer nada. Por isso é que nós apostamos na formação profissional só que, muitas vezes, a pena não é suficiente para completar os cursos”, acrescentou o responsável.
Integração no mercado de trabalho
O trabalho em regime aberto é encarado pelos prisioneiros como uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho, visto que, por vezes, os reclusos têm alguma dificuldade em arranjar emprego quando saem em liberdade.
“Estou a trabalhar na Senatec há cerca de três meses. Para mim está a ser uma experiência excelente. Depois de estarmos tanto tempo fechados é óptimo entrarmos em contacto com pessoas e com experiências diferentes”, realçou este recluso da zona de Macedo de Cavaleiros.
Afastando a hipótese de encerramento que foi lançada há algum tempo atrás, Luís Miranda Pereira defendeu a transformação do EPB num centro capaz de concentrar os regimes abertos que prestam serviço no exterior, bem como alguns casos de prisão preventiva.