Empresa exclusivamente feminina

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Ter, 17/10/2006 - 17:08


A actuar no mercado bragançano há cerca de 20 anos, a Totiva, empresa de contabilidade, é formada, exclusivamente, por mulheres, uma característica para a qual uma das sócias, Maria João Pereira, não encontra explicação.

“Nunca estabeleci nenhuma regra que determinasse a contratação exclusiva de mulheres”, adianta a responsável. A única razão deve-se, crê, ao facto da Contabilidade ser uma área mais virada para o público feminino e que, por isso, forma, também, um maior número de mulheres. “Estamos mais vocacionadas para este tipo de trabalho, porque temos uma concentração e perspicácia maiores”, justificou a empresária.
Com sete profissionais, a Totiva empregou, logo no início de actividade, um homem que, segundo Maria João Pereira, “partia ao vasos da empresa”, revelou, entre risos. Desde então, só têm trabalhado mulheres naquela sociedade que, a responsável classifica como “uma família, onde nos ajudamos mutuamente”.
Num espaço onde as risadas e conversas tipicamente femininas não faltam, as profissionais vão conjugando estes momentos de lazer com o trabalho. “Nunca deixamos de cumprir com exigência as nossas obrigações, apesar do ambiente ser muito animado”, assegurou a contabilista.

Sem rivalidades

A competição e rivalidade atribuídas ao sexo feminino não entram dentro da Totiva, pelo que as profissionais sentem-se “companheiras que trabalham todos com o mesmo objectivo”, referiu a funcionaria mais antiga da “casa”, Cila Subtil.
Esta opinião é partilhada por todas as colaboradoras, que dizem não existir competição na empresa e tentam, sempre, aconselhar e apoiar-se umas às outras. “As mais novas aprendem, mas também nos ensinam quando precisamos”, assegurou Maria João Pereira.
Talvez por isso, a responsável nunca se tenha arrependido de contratar mulheres. “Um homem aqui dentro pode sentir-se deslocado e, às vezes, até nos esquecemos que está cá algum”, confessa.
No entanto, a relação com os clientes, que na sua maioria são homens, não é afectada minimamente. “Sabem que somos boas profissionais e que desempenhamos da melhor forma o nosso trabalho”, garante Maria João Pereira.
Assim, nunca tiveram que enfrentar discriminação ou diferença. “Nesse aspecto, não há nenhuma desvantagem em sermos só mulheres a trabalhar aqui”, referiu a empresária.

Responsabilidades acrescidas

Com uma empresa e carreira para gerir e uma família para cuidar, Maria João Pereira confessa que o esforço e força de vontade são características fundamentais para se conseguir conciliar os apelos e requisições a nível profissional e pessoal. “Aí sim, é realmente complicado ser mulher. Estar à frente de um negócio e, ainda, da família”, salientou a contabilista.
Já o facto de actuar em Bragança pode representar uma desvantagem, mas, também, um benefício. Se por um lado consegue almoçar com a família todos os dias e demorar pouco tempo de casa ao emprego, por outro as formações obrigatórias a que a contabilidade “obriga” ficam, por vezes, para segundo plano. “Nos grandes centros não há tanta qualidade de vida, mas lá conseguimos manter-nos mais facilmente actualizadas nesta profissão”, esclarece Maria João Pereira.