E a vitória cumpriu-se!”

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Ter, 01/08/2006 - 16:12


No final das eleições “do turismo” recebi um telefonema a dar-me conta do resultado. Uma ampla e concludente vitória de Júlio Meirinhos. Nada de anormal e dentro das minhas previsões, disse ao meu interlocutor.

Não bebo do fino, nem leio nas estrelas, mas se o leitor recordar alguns artigos que publiquei nos dois últimos anos relativos à “política” reinante na Região em matéria de turismo, logo intuirá das razões das minhas certezas, pois sempre considerei a candidatura de António Afonso acto desesperado dum poder falhado. Porque escrevo assim? Porque no início do mandato do agora derrotado lhe emprestei, confiadamente, colaboração a todos os níveis e em todas as latitudes, de modo a ele percorrer o tempo do mandato num crescendo de afirmação e reconhecimento capazes de lograram uma reeleição aplaudida por todos os quadrantes. Por diversas ocasiões e, até em frente a familiares o exortei a ousar, a empreender, a decidir sem receio ou temor. As coisas são como são, dizia o sempre lembrado Victor Cunha Rego e, quando no início de 2004, António Afonso desperdiçou a oportunidade de ouro – apresentação de todos os valores turísticos, culturais, patrimoniais e, em especial dos produtos do Nordeste – no espaço nobre do Centro Comercial Colombo, cedido gratuitamente, durante nove dias, percebi ele não ter intuído que tão grande manifestação seria o manifesto decisivo e único meio para vencer resistências e lograr um segundo mandato. Para o leitor poder conferir as minhas afirmações, lembro que em nove dias, passam pela sala de visitas do referido Centro, mais de um milhão de pessoas. A partir daí passei à condição de afastado observador e, nessa qualidade, verifiquei o facto de nos almoços do Nordeste realizados em 2004 e 2005, durante o Festival Nacional de Gastronomia em Santarém, determinadas e salientes personalidades convidadas primarem pela ausência. Estes sinais, mais os queixumes e desabafos de múltiplos operadores e membros do Colégio Eleitoral, levaram-me a prognosticar um desaire, caso António Afonso não resistisse à tentação da recandidatura. O Dr. Carlos Abreu é disso testemunha. Não resistiu. Apesar dos propósitos do professor Afonso, Adérito Lahno entendeu também ter chegado a hora de voltar à liça, lambidas que estavam as feridas da sua injusta derrota de há anos. Fez contactos, logrou apoios, esqueceu-se dos rapazes atreitos, neles incluo António Afonso, a conceberem ou criarem actos políticos baseados no coração em detrimento da cabeça. Ora, a política é coisa refinada a exigir cabeça fria e pulso firme, nada de batidas descompassadas do coração. O disciplinado Lhano cedeu às orientações superiores, enfiou a viola no saco e os contabilistas de vistas curtas, finda a faina da contagem dos possíveis ovos (votos) no bolso das pessoas, entoaram hossanas, pois a vitória era certa. Engano puro. Néscios. Esqueceram-se da vontade e firmeza dos votantes, da sua completa descrença em António Afonso. Sem rebuço ou receio, deslocaram os votos em direcção à bolsa de Júlio Meirinhos. Bastavam quatro votos. Foram mais. A Lhano o que era de Lhano, a Afonso nada. O resultado está à vista, Júlio Meirinhos regressa à ribalta, vai abrir a velha agenda, reavivar contactos na ânsia de demonstrar competência, na vontade de através de um mandato saliente relançar a sua carreira política e, apresentar-se como sério candidato a um lugar cimeiro na próxima lista de candidatos a deputados. Estamos a mais de três de distância. Em termos pessoais há três derrotados: António Afonso, Adérito Lhano e Adão Silva. Os dois primeiros são “finitos” em termos políticos, o terceiro vai ter de se explicar em devido tempo. Em termos colectivos a derrota atinge a Comissão Política Distrital do PSD. Uma serena e profunda reflexão justifica-se inteiramente, pois além do poder autárquico, não resta nenhum centro de decisão debaixo da influência laranja.
A finalizar, lanço um desafio aos leitores. Descubram qual é a outra personalidade vencedora destas eleições. O e-mail e fax do jornal estão ao vosso dispor.

PS. Esta crónica foi escrita no dia 12 de Julho. Obviamente que esta análise é o mais racional e objectiva possível. Em termos de estima em relação às personalidades visadas, ela é a mesma de sempre, nem de outra forma poderia ser. Pessoalmente, lastimo que Adérito Lhano tivesse aceite integrar uma lista, que não era a dele. Mas o Demo é tentador…