Douro sem querelas

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Ter, 17/10/2006 - 16:44


A Casa da Cultura Mirandesa, acolhe, desde o passado sábado, a exposição de pintura de Jorge Marinho, cuja obra exibe um aroma de juventude.

Mesmo se os motivos são, na forma, envelhecidos, eles comparam-se a um bom cálice do nosso vinho: quanto mais velhos, melhores, mais jovens, mais pujantes, mais anímicos.
O Douro vivo de Jorge Marinho é o Douro que não brinca às pseudo-organizações, às lamúria, à mendicidade - é o eterno nosso espaço que grita (como sempre o fez) alegria no encontro, na vida na relação, fecundidade no abraço. O Douro satisfeito na sua divindade. Não enquanto berrão de pedra, ex-voto morto de deuses esquecidos - mas antes cepa que se eleva, em vida, num misticismo de todos os dias, passível de religiosidade naqueles que sabem que o Douro não se esgota em querelas. É um Douro intenso, que como o xisto, rasga em pormenores pontiagudos que nos ferem a sensibilidade. É uma vinha moldada pela paixão sem receios, por traços fortes e criadores que tanto espelham o recinto vivo dos socalcos como o espaço quente dos homens.