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Docentes debatem desertificação

Ter, 21/03/2006 - 15:10


A estagnação e, mesmo, a dependência da educação e do ensino no interior estiveram, ontem, a ser debatidos pelos docentes do Nordeste Transmontano.

Promovido pela Secção de Bragança da Associação Nacional de Professores (ANP), o seminário, sob o tema “Ensino/Educação – Competências das Autarquias”, pretendeu ser “um momento de reflexão, onde se apresentaram linhas orientadoras relativamente aos problemas que os docentes enfrentam”, salientou o presidente da direcção da ANP de Bragança, Octávio Fernandes.
Os professores debateram as problemáticas que afectam a região de Bragança e que, consequentemente, afectam os seus postos de trabalho e a sua estabilidade enquanto profissionais. “A extinção das escolas, assim como a baixa frequência de alunos acarreta consequências dramáticas para os docente desta zona”, sublinhou o responsável.
Os pedagogos defendem que há, ainda, bastantes coisas a fazer, e que a resolução passa pelo seu trabalho e esforço, em conjunto com as autarquias, para o engrandecimento e pela fixação de população no distrito de Bragança. “Os políticos deviam esforçar-se para atrair capitais para a região, de modo a gerar riqueza e criar postos de trabalho”, assevera Octávio Fernandes.
Os prelectores criticaram, ainda, a concentração de cursos e emprego no litoral do país, fazendo com que, segundo o orador, “os jovens do interior se desloquem para a orla marítima”, provocando uma progressiva desertificação de regiões como o Nordeste Transmontano. Os docentes vão mais longe e falam da existência de um desterro dos profissionais com a “fuga” de oportunidades para os grandes centros, negando a igualdade no acesso aos cursos superiores e às saídas profissionais. “Se nós temos que nos deslocar para o litoral à procura de melhores condições, porque é que a população dos grandes centros também não vem para o interior?”, questiona o responsável.

Afectados com a retirada de serviços

Octávio Fernandes aponta o dedo aos sucessivos Governos que têm adensado o litoral e, pelo contrário, desertificado o interior do País. “Poderiam ser aproveitadas algumas potencialidades da região, como as energias renováveis, para se criarem novos postos de trabalho”, defende o prelector.
Com a sucessiva extinção de serviços no interior, a carreira de docente é fortemente afectada. Isto porque, com o encerramento de infra-estruturas e empregos, as pessoas são obrigadas a deslocar-se para outras zonas à procura de melhores condições de vida e, com elas, levam os seus filhos, o que origina uma diminuição no número de alunos. “A população que se vai embora está, quase sempre, no activo e, por isso, podem ainda ter filhos. Ou seja, além dos trabalhadores, perdemos também os seus descendentes”, lamenta o responsável.