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As desigualdades das mulheres em debate

Qua, 26/04/2006 - 11:00


“Género, educação e cidadania: reflectir sobre a agência política das mulheres através das histórias de vida” foi o tema apresentado por Maria José Magalhães, da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, da Universidade do Porto.

O painel foi exposto no âmbito das Jornadas Pedagógicas “Educação, Cidadania, Arte e Questões do Género”, promovidas pelo Sindicato de Professores do Norte (SPN), que tiveram lugar ontem, no auditório do Agrupamento de Escolas Augusto Moreno.
O seminário vem na sequência das investigações realizadas por Maria José Magalhães, aquando da sua tese de doutoramento, que incidiam, sobretudo, nas histórias de vida de diferentes mulheres, dos mais variados estatutos e categorias sociais, económicos e culturais.
Com o estudo, que focou camponesas, operárias, ciganas, lésbicas, profissionais liberais e de classe média, a responsável pretendeu diagnosticar “o que tinha mudado na cidadania destas mulheres desde o 25 de Abril”. Com as ilações daí retiradas, a estudiosa visava, através dos diversos saberes femininos, melhorar as vidas e mentalidades das raparigas e mulheres actuais.
Assim, para Maria José Magalhães, o fim da ditadura no nosso País trouxe bastantes regalias e benefícios ao género feminino. Contudo, sublinhou que o fosso entre as mulheres de classe média urbana e as que pertencem a sectores sociais mais desfavorecidos é enorme, algo que, “não se verificava anteriormente”, lamentou.
A responsável vincou que continua a persistir a mentalidade e a tendência da sociedade culpabilizar a mulher e a mãe pelo mal que acontece, por exemplo, com o seu filho. “Se um menino se porta mal, o psicólogo e o professor chamam a mãe e atribui-lhe as culpas. Já quando tem sucesso, a responsabilidade é de ambos os pais ou, somente, do pai”, revelou Maria José Magalhães.
Outra situação constatada pela investigadora foi a taxa de abandono escolar ser maior e mais frequente entre as raparigas. “É preciso uma grande luta social para não deixarem as raparigas abandonar a escola. Ainda que tenham mais sucesso, são elas quem mais se afastam do ensino”, revelou. Para combater esta situação, a responsável defende a criação de redes de trabalho e participação para as mulheres. “Devemos valorizar o mundo feminino e lutar para que não sejam culpabilizadas por tudo”, defendeu. E deu um exemplo: “se ficam em casa a cuidar dos filhos, são umas preguiçosas. Se vão trabalhar, umas desleixadas”.
A aposta, para contrariar esta situação passa, segundo a Maria José Magalhães, pela mudança de mentalidades. “Temos que começar a implementar uma cultura de igualdade e valorização do feminino, que passará pela desculpabilização da mulher”, defendeu a estudiosa.
Na óptica da responsável, a tendência presente, nas sociedades é ter presente uma escala masculina, ou seja, tudo que é bom é feito pelos homens. “Porque é que não temos ruas, edifícios e pontes com nomes de mulheres? Será que não têm mérito?”, questiona Maria José Magalhães. Para a oradora, trata-se da falta de reconhecimento do papel e trabalho desenvolvido pelas mulheres.