Derrocada nas minas da Fonte Santa

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Ter, 05/12/2006 - 14:57


As chuvas dos últimos dias podem estar na origem da derrocada de uma barragem que, em tempos, serviu para lavar minério nas antigas minas de volfrâmio da Fonte Santa, no concelho de Mogadouro.

Tudo aconteceu na passada terça feira, quando um monte de escombros, com mais de 20 metros de altura, foi por água abaixo.
A barreira servia para travar as águas de uma ribeira, que para ali foi desviada através de um túnel escavado na rocha, que abastecia o complexo mineiro.
A forte corrente, provocada pelo rápido desprendimento das terras, arrastou hortas, pomares, vinhas, caminhos e danificou travessias, dizimando as culturas da época.
“Eu tinha hortas e vinha que ficaram todas destruídas. Não sei o que fazer, pois sabemos quem tem culpa disto”, dizia Clotilde Piçarra, uma das proprietárias lesadas.
Segundo relatos colhidos no local, há algum tempo que se esperava o colapso da represa, já que as minas foram abandonadas há muito “e ninguém olhava pelo local”, afirmaram os residentes na pequena aldeia das Quintas das Quebradas.
Outro dos alertas da população prende-se com “buracos a céu aberto, que são um perigo para as pessoas e animais que passem na zona das minas”.
Além dos consideráveis prejuízos agrícolas, paira o receio de contaminação de rios e ribeiras, já que nos escombros poderá haver materiais considerados “tóxicos”. Os maiores riscos prendem-se com o rio Sabor, onde desagua a ribeira que deu origem à derrocada.

Buracos a céu aberto são um perigo para as pessoas e animais que passem na zona das minas

Contactado pelo Jornal NORDESTE, o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, (INETI) avança que os escombros resultantes da actividade de extracção mineira no caso do volfrâmio são de ter em atenção, pois pode haver materiais tóxicos. Mas, “para se ter dados concretos, é preciso recolher amostras no local,” explicou Jorge Carvalho, técnico daquele organismo.
Face a estes prejuízos, os lesados vão apresentar uma queixa contra terceiros no Tribunal Judicial de Mogadouro, de forma a apurarem responsabilidades nos prejuízos causas pela forte corrente de água e lodo.
No local estiveram técnicos do Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional da Região Norte e elementos da Câmara Municipal de Mogadouro, ao passo que o Serviço de Protecção da Natureza da GNR já tomou conta da ocorrência.
Ao que foi possível apurar, o Ministério do Ambiente prepara-se para selar todo o espaço mineiro da Fonte Santa.