Qua, 31/08/2022 - 11:26
Ricardo Ribas é uma referência do desporto distrital e nacional. O atleta natural da aldeia de Malhadas, em Miranda do Douro, cedo deu mostras da sua aptidão para o atletismo.
Ainda muito pequeno, com cinco ou seis anos, sempre a acompanhar os pais nas lides agrícolas e a pastorear os animais pelo campo, gostava de correr e sonhava em participar nos Jogos Olímpicos, um sonho que concretizou com 38 anos. Mas já lá vamos.
Foi o Desporto Escolar a porta de entrada no atletismo e no Ginásio Clube de Bragança (GCB), em 1994, onde começou a trilhar um caminho de sucesso. Na altura tinha 12 anos e como referências os atletas Carlos Lopes, os gémeos Castro e Rosa Mota.
Com a camisola do GCB foi vice-campeão nacional de juvenis de corta-mato, em Coimbra. Antes, Ribas alcançou o nono lugar no mundial na China e depois participou nos Jogos da FISEC em Inglaterra. “O Ginásio Clube de Bragança foi campeão e fomos apurados para ir à China. Sabia que dificilmente os meus pais me deixavam ir, então falsifiquei as assinaturas e quando deram por ela já estava na China. Se ficaram chateados? Na altura sim, mas passou rápido”, recordou.
Ricardo Ribas manteve o seu espírito de aventureiro e sabia que para chegar a outros patamares tinha que arriscar. Assim fez. Rumou a Lisboa, sem nada dizer aos pais, arranjou trabalho num restaurante e ingressou no Maratona Clube de Portugal, tinha na altura 17 anos. “Se ficasse em Miranda do Douro não conseguia chegar onde cheguei. Em Lisboa, durante sete anos, conciliei o trabalho num restaurante com o atletismo. Não foi fácil, mas valeu a pena”.
A partir daí, Ribas acumulou títulos. Em 2002, sagrou-se campeão nacional de 5000 metros, mas foi no corta-mato que se destacou. Foi campeão nacional de crosse curto em 2005 e 2007. No Europeu participou sete vezes, conseguiu um nono lugar em 2007, e seis vezes no mundial. Mais tarde, o agora treinador apostou na maratona.
Já ao serviço do Benfica ajudou os encarnados a conquistar dois títulos colectivos, em corta-mato, em 2013 e 2015.
Mas, a concretização do sonho de criança aconteceu aos 38 anos. Ribas bateu o seu recorde pessoal na maratona de Dusseldorf, na Alemanha, que lhe garantiu a presença, em 2016, nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, no Brasil. “É a cereja no topo do bolo. Ainda é mais saboroso quando chega numa altura da tua carreira, tinha 38 anos, em pouca gente acreditava que conseguia chegar lá. Ser atleta olímpico é um carimbo para a vida toda. Há atletas que conseguiram grandes resultados e nunca conseguiram ir aos Jogos Olímpicos. É algo que me deixa orgulhoso e quando falo disso fico com pele de galinha”.
Entretanto, Ricardo Ribas representou o SC Braga, em 2018 sagrou-se campeão universitário de crosse curto e terminou a carreira em 2021, aos 43 anos, no clube onde tudo começou, no Ginásio Clube de Bragança.
Ribas direcciona agora as atenções para a área do treino e para o clube que fundou em 2019, o Team El Comandante”, que conta com mais de 100 atletas.