Ter, 10/01/2006 - 16:03
No Santo Estêvão, a 26 de Dezembro, inúmeras fogaças são colocadas junto ao altar, para serem abençoadas pelo sacerdote durante a missa, seguindo-se a distribuição de pão bento por toda a comunidade.
Já no S. Gonçalo, que a população assinalou no passado sábado, as famílias dos mordomos da festa mobilizam-se para cozer roscas de pão suficientes para distribuir pela população e adornar o tradicional charolo. Trata-se duma estrutura metálica (antes era de madeira), totalmente coberta por peças de pão, ovos e mel, de diversas formas, encimado por um ramo enfeitado com bolos caseiros, guloseimas e frutos secos. O mesmo acontece com os quatro cantos do charolo, embora estes ramos tenham menor dimensão.
Após a missa solene e a procissão em honra de S. Gonçalo, que o charolo também integra, começam a preparar-se outros momentos significativos da festa, quiçá os mais aguardados pela população.
Ramos disputados
O charolo é transportado para o largo da Casa do Povo, com as jovens da aldeia a carregarem os ramos em separado. O grupo de gaiteiros não tarda a chegar e ensaiam-se os primeiros passos da dança da rosca. Alinham-se os pares e a dança só pára quando os mordomos distribuem rosca por todos os presentes. Segue-se nova dança, com os homens a ostentar as roscas bem no alto, e, ao cruzarem-se com os pares, chocam-se os traseiros de forma efusiva, num misto de tradição e sensualidade. A distribuição de rosca continua, como que a anunciar o arremate do charolo. Os mordomos fazem o leilão peça a peça, guardando para o fim os cinco ramos, por sinal os mais cobiçados. “Quem dá mais”, repetem os leiloeiros, com o preço das roscas sempre a subir. Mas, “como é para o S. Gonçalo”, olha-se pouco à carteira, pois todos querem levar algumas peças de pão para casa.
Ao longo da tarde, novas danças se repetem, com mais distribuição de rosca, empurrada por um copo de vinho. Após a entrega da festa aos novos mordomos, a animação prossegue pela noite fora, com nova visita à casa dos moradores que se mostram dispostos a abrir a torneira do pipo e a oferecer pão e presunto a todos os que integram a ronda, também conhecida por “pandorcada”.