Cursos em risco

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Ter, 09/05/2006 - 14:52


Foi anunciado pelo Governo, já para o próximo ano lectivo, o corte do financiamento aos cursos do ensino superior que acolham menos de 20 alunos no primeiro ano. Caso essa medida seja implementada, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) pode ver algumas das suas áreas “serem colocadas de parte”.

O presidente eleito do IPB, Sobrinho Teixeira, admite que esta decisão pode representar algum empobrecimento para o ensino superior, uma vez que coloca em risco alguns cursos no País ao mesmo tempo que acarretam a perda de determinadas valências profissionais. É o caso da formação em Engenharia Florestal que, em todo o País, apenas recebeu 11 alunos.
Para o responsável, esta medida pode levar a uma política de “stop and go” relativamente à frequência do ensino superior. “Cursos que estão mais na moda poderão sofrer um incremento e, daqui a algum tempo, face ao excesso que haverá no mercado, teremos que controlar a entrada de alunos”, prevê Sobrinho Teixeira. Para evitar riscos, a decisão do Governo deveria ser conjugada com uma reorganização do ensino superior, no sentido de “determinar quais as valências que o País necessita, por região”, defendeu o recém-eleito presidente.
O responsável mostrou-se esperançado quanto à situação do IPB, prevendo que, com a entrada de novos alunos, não seja necessário questionar a existência de algumas áreas de formação. Contudo, “temos que ter em conta a presença de condições que são desfavoráveis ao instituto”, frisou Sobrinho Teixeira, referindo-se à localização no interior do País e ao facto de 65 por cento dos alunos serem provenientes do litoral.

Rumo a Bolonha
O IPB foi um dos dois únicos Institutos Politécnicos, do País, a entregar a adequação de todos os cursos, à excepção da área de Saúde, ao acordo de Bolonha.
Segundo o novo processo legal, os Institutos Politécnicos podem passar a formar mestres, situação que, anteriormente, não era possível. Para isso, basta que sejam cumpridas algumas exigências, como um corpo docente e infra-estruturas laboratoriais adequadas. Assim, no decorrer desta decisão e, após a reunião de todos os critérios, o IPB apresentou a candidatura, de uma só vez, a 29 mestrados. “Reunimos condições únicas a nível dos Politécnicos para propor este número de mestrados”, esclareceu Sobrinho Teixeira.
A par desta situação, o IPB, juntamente com o de Leiria e do Porto, foi um dos seleccionados, pela Associação das Universidades Europeias, para avaliação e acreditação. Este conjunto de medidas, na óptica do presidente eleito da instituição, “faz com que tenhamos esperança na entrada de um grande número de alunos”.
No entanto, se a decisão for implementada e o corte no financiamento dos cursos colocar em risco o corpo docente de algumas áreas, o responsável frisou que, “aí deixará de ser uma medida técnica e passará a ser política”.

Universidade ainda é uma meta
Sobrinho Teixeira revelou que, apesar do Governo não contemplar a criação de mais universidades, continuará a apoiar a sua criação no seio do IPB. Por isso, a política, enquanto recém-eleito presidente do politécnico, passará por continuar a preparar o IPB, do ponto de vista de recursos humanos e físicos, para que, um dia possa passar a Universidade. “Quando os políticos acharem que Bragança deve ter uma Universidade, não deixe de se criar por falta de qualidade dentro do IPB”, defendeu o responsável.
Outra das metas de Sobrinho Teixeira, enquanto presidente, será enraizar e fortalecer uma relação entre a instituição e a comunidade envolvente. Esta ligação, “passará pelo apoio a acções de investigação tecnológica”, garantiu o responsável. Esperando que os docentes sejam pró-activos na busca de soluções para o tecido empresarial da região.