Ter, 17/01/2006 - 15:07
Após falar com o pai e com a avó, a escola comunicou, no início de Novembro, a situação à Comissão de Crianças em Risco (CCR), à Segurança Social e ao Ministério Público de Bragança. Responsáveis escolares detectaram a presença do aluno em causa junto de cafés e bares associados à marginalidade.
Só na semana passada, dois meses após a denúncia da escola, a Comissão de Apoio a Crianças em Risco deu os primeiros passos para saber da situação do pequeno Daniel. “Parece-me que a assistente social já foi à escola para saber o que verdadeiramente se passou”, disse o presidente da CCR, Eleutério Alves, que afirma que a Comissão está atada de pés e mãos. “Não temos meios nem técnicos próprios, vivemos dependentes das assistentes sociais da autarquia e das restantes entidades que compõem a Comissão. Reunimos uma vez por mês, altura em que entregamos os dossiers, razão porque, às vezes, os processos se atrasam um pouco”, justificou o responsável.
Alunos brilhante, mas rebelde
Daniel Teixeira Batista Rodrigues, 11 anos, frequenta o 5º ano. É considerado pelos professores “um aluno brilhante, mas muito rebelde”. Desde a abertura das aulas, em Setembro, poucos dias se sentou nas carteiras da Escola Paulo Quintela. Há quatro anos, após o divórcio dos pais, na regulação do poder paternal, o tribunal entregou os dois rapazes, 17 e 11 anos, ao cuidado do pai, enquanto uma menina de sete anos era entregue à mãe, de etnia cigana. Entretanto, a progenitora já tem mais uma menina de um outro relacionamento.
O pai, António Rodrigues, segurança de uma superfície comercial, disse a esta reportagem que todos os dias levava Daniel à escola, às oito horas. “Deixava-o junto ao portão e, pouco tempo depois, a directora escolar já me estava a telefonar, dizendo que ele tinha fugido”, recorda o progenitor.
Quanto a soluções para o caso, António Rodrigues diz ter poucas saídas. “Tenho de trabalhar, porque a vida está má e não tenho condições para tomar conta dele. Estou a pensar enviá-lo para França, para junto da mãe, durante algum tempo para ver se endireita. Caso contrário o melhor é mesmo metê-lo nua instituição. Custa, mas sei que será o melhor para ele”, explicou.
“Daniel está em perigo”
Quando foge da escola, o refúgio do Daniel é a casa da avó materna, Judite Batista, que tomou a iniciativa de solicitar à directora da escola que escrevesse à Comissão de Crianças em Risco para internar o neto. “Sinto que o Daniel está em perigo, muito próximo da marginalidade. Para o salvar há que actuar agora, depois pode ser tarde e não vale a pena fazer lamentações”, disse, entre lágrimas.
Na tentativa de resolver este caso, a CCR reúne amanhã. “Se for necessário vamos arranjar-lhe uma instituição, nem que seja só temporariamente, para que ele passe a ir às aulas regularmente”, revelou Eleutério Alves.
De acordo com o responsável, a Comissão vai solicitar o apoio de um psicólogo para ter uma ideia mais clara de qual é o problema do Daniel.
Luís C. Ribeiro