Coronel Miguel Rodrigues

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Ter, 12/09/2006 - 16:57


Comemorou-se no passado mês de Julho a marca de um milhão de visitantes, ao Museu Militar de Bragança, alcançada nestes vinte e três anos desde a sua reinauguração, o que o torna um dos mais visitados do país.

A sua localização excepcional também contribui para esse facto, pois está instalado no Castelo onde ocupa, agora, todo o interior da torre de menagem e o recinto amuralhado ao ar livre. Aqui, podemos encontrar em exposição algumas peças de artilharia. Na torre de menagem o espólio distribui-se hoje por três pisos e dezasseis salas, informando-nos sobre a evolução do armamento ligeiro entre o século XVI e os meados do século XX. Ao mesmo tempo, encontram-se várias peças angariadas pelos militares durante as campanhas efectuadas em África, das quais destacamos a do sul de Moçambique, efectuada em 1895 e 1896, durante a qual foi aprisionado Gungunhana, e em que o BC 3 desempenhou um papel importante, juntamente com o seu comandante Mouzinho de Albuquerque.
Pensa-se que o museu deve ter sido criado entre 1932 e 1933, graças ao empenho e dedicação pessoais do coronel António José Teixeira. No entanto o espaço que então ocupava estava longe do que ocupa agora. O espólio com que foi criado então, deve ter sido recolhido entre oficiais, sargentos, praças e familiares de militares que tinham participado nas várias campanhas militares levadas a efeito pelas unidades militares então sedeadas em Bragança: o Regimento de Infantaria Nº 10 e Batalhão de Caçadores Nº 3, como já referimos, nas campanhas em África e também em França na 1.ª Grande Guerra.
Com a extinção em 1958 do Batalhão de Caçadores n.º 3, aquartelado junto do Castelo, o espólio do Museu foi transferido para o Museu Militar de Lisboa, para aí ser devidamente guardado, e só regressaria a casa em 1983, altura em que foi inaugurado solenemente a 22 de Agosto, com um espólio enriquecido por peças trazidas de Lisboa.
Cabe referir que se deve ao General Ramalho Eanes o regresso do museu à sua primeira casa, talvez como compensação pela retirada de todos os aquartelamentos militares no distrito em 1979.
Foi seu director, de Outubro de 1982 a Dezembro de 1991, o Coronel António Miguel Rodrigues, natural de Bragança e infelizmente falecido há pouco mais de três anos.
Aqui queremos deixar uma justa homenagem a este homem que tanto fez por esta instituição e que, sem grande alarde da obra feita, contribuiu significativamente para fazer do Museu Militar o que é hoje.
Foi um homem de grande valor e discrição que como militar soube cumprir todas as tarefas para que foi solicitado.
Para além de ter trabalhado um pouco por todo o país, também cumpriu missões em África, Timor e Macau.
Cabe destacar também o trabalho por si desenvolvido como Gestor do Núcleo da Liga dos Combatentes, a todos os níveis.
Que esta pequena homenagem, embora tardia, sirva para avivar a memória de todos os bragançanos para as figuras da terra que por vezes subalternizamos em detrimento de figuras nacionais que pouco ou nada nos dizem.

Bragança, 11 de Setembro de 2006

Marcolino Cepeda