Ter, 14/02/2006 - 15:37
Um dos militares da segunda bateria, Gilberto Teixeira, relembra factos que, ainda, hoje o fazem reviver e sentir cada pormenor. No ano de 1961, partiram de Portugal cerca de três mil homens para a região de Goa. Os primeiros tempos são recordados pelos homens com saudades. Contudo, a partir do momento em que se dá a invasão na Índia, foram feitos prisioneiros de guerra. Assim, a 17 de Dezembro de 1961, diversas baterias foram retidas e, a partir daí, a situação destes portugueses agravou-se cada vez mais. “Lá dentro era tudo mau, desde a alimentação, aos maus-tratos e aos trabalhos forçados”, recorda Gilberto Teixeira. O ex-militar assegura que não tem conhecimento que algum dos seus companheiros tenha perecido durante a prisão. Fora dela, porém, “vi muitos amigos tombarem à minha frente”, afirmou com mágoa.
Finalmente, a 15 de Maio de 1962, após um penoso processo de negociações entre o Brasil e a Índia -uma vez que, segundo o antigo militar, “Portugal se recusou a apelar em nosso favor” -as baterias são libertadas. Foram cinco meses de prisão que, nas palavras de Gilberto Teixeira, corresponderam a anos e profundos traumas na vida de um largo número de homens. “Ainda hoje muitos meus companheiros estão abalados”, lamenta o antigo prisioneiro.
Mas, se a sua situação em Goa era má, a recepção dos militares em Portugal não foi das melhores. “Formou-se o exército e apontaram-nos as armas, como se fossemos criminosos”, lastima o ex-combatente. Aos olhos do regime de Salazar e da opinião pública, “as baterias que renderam na Índia eram traidoras da pátria”, continua.
Com tantas recordações, a maioria negativas, Gilberto Teixeira avança que, “devemos manter o contacto e apoiar-nos, pois só quem passa por isso sabe o que é”.