Ter, 05/12/2006 - 14:59
Trata-se de um programa informático designado “Gradior”, que desafia os utilizadores a efectuarem uma série de exercícios que exigem concentração, atenção, bem como capacidade de cálculo.
Segundo a psicóloga que acompanha os utentes, Sara Costa, as pessoas com problemas mentais estão a aderir bem a este novo desafio. No entanto, realça que é preciso algum tempo para os utentes se familiarizarem com o programa, até porque a maioria deles nunca teve contacto com as novas tecnologias.
A par das indicações que aparecem no ecrã do computador, os utentes também recebem dicas através de som.
Dado que o sistema existe, apenas, em espanhol, alguns utentes sentem uma dificuldade acrescida, visto que têm que decifrar uma língua diferente.
“Agora é preciso ensinar-lhe os passos todos e dizer-lhe o que significam as palavras em espanhol, o que se traduz num processo mais moroso. No início do ano, o software já vai estar disponível em português, o que vai facilitar o trabalho que estamos a desenvolver com os utentes”, realçou Sara Costa.
Unidade de Vida Autónoma, que serve de residência transitória para a entrada em comunidade, aguarda a preparação dos utentes
Esta iniciativa, que ainda se encontra em fase de implementação, surgiu no âmbito do Interreg, através de uma parceria do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) com o Complexo Hospitalar de Zamora, Fundação Intras e Associação de Empresas Sociais de Castela e Leão.
Além do sistema multimédia, os doentes mentais desenvolvem, ainda, outras actividades, estimulando as suas capacidades para voltarem a ter uma vida activa em sociedade.
No passado mês de Maio, uma parceria entre o CHNE e a Escola Superior Agrária deu origem à criação de uma horta na Quinta da Trajinha, onde os doentes mentais puseram mãos à obra para conseguirem as melhores colheitas.
Cerca de cinco meses depois, foi criado um atelier de artesanato, onde os objectos feitos até ao momento são casinhas tradicionais de pedra e porta-chaves em madeira, uma actividade que cativa mais de uma dezena de utentes.
Os intercâmbios desportivos entre os utentes de Bragança e Zamora são, igualmente, uma forma dos doentes mentais se aproximarem da comunidade e perceberem que, afinal, também têm capacidade para serem activos.
Na óptica de Sara Costa, estas actividades servem de preparação para os utentes recuperarem capacidades e se tornarem autónomos.
Quando chegarem a esse patamar, a Quinta da Trajinha já possui uma Unidade de Vida Autónoma, com capacidade para 8 pessoas, que servirá de transição para a vida em comunidade.