CINE-TEATRO TORRALTA (2)

PUB.

Ter, 24/10/2006 - 10:54


No seguimento da minha última crónica e por algum sentimento de nostalgia pela cidade que conheci, regresso com mais uma ideia cujo valor será o que lhe quiserem dar.

Já por várias vezes escrevi sobre o Cine-teatro Camões onde passei bons bocados e assisti a filmes que me marcaram para toda a vida, assim como as pessoas que ali trabalhavam; a D. Lurdes que nos vendia os bilhetes, o Sr. Chico “Nareco”, o Sr. Sabino que era o projectista, o Sr. Soares e o Sr. Martins, que mais tarde se mudaram para a Torralta mais ou menos com as mesmas funções. Recordo com pesar o acidente que o destruiu, mas os tempos mudam e nós temos de os acompanhar.
Relembro, com o mesmo sentimento nostálgico, a abertura do Cine-teatro Torralta, a poucos metros da minha casa e que tão gratas lembranças me traz. Fizesse calor ou frio lá estava eu na plateia, à procura de sonhos e esperanças. Foi uma grande sala o Cine-teatro Torralta; ali assisti aos mais variados espectáculos, desde festivais da canção até ópera, da música clássica à ligeira, da dança contemporânea ao ballet, não esquecendo, obviamente, o cinema e o teatro e aqui destaco o teatro estudantil que nos meus tempos de estudante liceal tinha um papel muito importante na cidade.
E mais uma vez as coisas mudaram e o Torralta deixou de existir.
Como o tempo não volta e a água que corre debaixo da ponte é outra, é justo pensar em novos usos para o antigo espaço. O edifício alberga também um hotel de localização privilegiada. No entanto falta-lhe um parque de estacionamento e a criação de determinados requisitos que façam dele um hotel de referência para a região.
Por essa razão sugiro que onde antes se encontrava o cine-teatro e o espaço comum de apoio à sala, o espaço localizado na rua João de Deus (subaproveitado, pois não nos podemos esquecer que antes, como referi no texto anterior, ali se encontravam várias casas e agora se encontra quase abandonado) e ainda o espaço onde se encontrava o restaurante self-service, possam ser transformados numa infra-estrutura de saúde e bem-estar: um SPA que inclua também um pequeno ginásio.
A forma de pôr de pé este projecto, cabe, com certeza, aos arquitectos e aos engenheiros. No entanto penso que o bom aproveitamento do local vai permitir uma estrutura de qualidade e ainda dois parques de estacionamento, um para utilização do hotel, com entrada pela Sá Carneiro utilizando aquele espaço onde, no Verão costumam instalar uma esplanada e o outro com entrada pela rua João de Deus, para uso do SPA. Os dois parques seriam, obviamente, subterrâneos.
Os andares onde se encontram os quartos e demais valências relativas ao hotel, manter-se-iam, mudando o restaurante para o rés-do-chão. Isso levaria à criação de um maior número de quartos, não só no local da sala de refeições como ainda no espaço criando por cima do parque de estacionamento.
No “cinema” implantar-se-ia uma piscina coberta e aquecida e as respectivas estruturas de apoio. Construir-se-ia ainda uma piscina ao ar livre, em cima do terraço criado para albergar a piscina aquecida, implementando ainda um espaço com relva à sua volta, que convidasse para uns dias bem passados no nosso quente Verão e que ficaria virada para a rua João de Deus e para o Castelo e ainda uma pequena cafetaria.
No “balcão” poder-se-ia criar uma pequena sala de cinema ou conferências em memória do que infelizmente já não existe.
Quem conhece o local sabe que ali há muito espaço por aproveitar e que será perfeitamente viável a criação das várias salas, distribuídas por dois andares (rés-do-chão na Sá Carneiro e o andar criado pelo desnível com a Rua João de Deus) necessárias para instalar os serviços que o SPA poderá e deverá oferecer. E para que nada falhe nesta lição de bem-estar, sugiro ainda a criação de um cabeleireiro misto.
Esta ideia visa criar uma valência de qualidade para a nossa cidade e para as pessoas que nos visitam, cada vez mais exigentes.

Marcolino Cepeda