Chouriço Mirandês chega ao mercado

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Qua, 24/08/2005 - 15:10


O Chouriço Mirandês, um produto característico do Nordeste Transmontano, já conseguiu cativar o mercado português e estrangeiro.

A ideia de recuperar esta tradição para valorizar as peças menos nobres da vitela mirandesa partiu da Cooperativa Agro-Pecuária Mirandesa (CAPM), que, actualmente, coloca no mercado cerca de 100 quilos de chouriço por semana.
Para já, esta iguaria transmontana está a ser produzida a título experimental numa salsicharia de Rebordelo, no concelho de Vinhais, uma vez que o processo de comercialização ainda se encontra numa fase embrionária.
Segundo o técnico comercial da CAPM, Nuno Paulo, o Chouriço Mirandês está a ser escoado pelos clientes habituais da Carne Mirandesa, mas um dos objectivos futuros da cooperativa é alargar a comercialização tanto dentro do mercado nacional como internacional.
“Nós temos grandes expectativas de conseguirmos sucesso nas vendas no estrangeiro, uma vez que o mercado internacional valoriza mais o nosso produto”, acrescentou o responsável.

Produto aguarda certificação

A nível do mercado estrangeiro o Chouriço Mirandês conta com o apoio da Organização Internacional “Slowfood”, pelo que este produto já este patente, como convidado de honra, numa feira que decorreu em Outubro do ano passado, em Itália.
A partir daí, alguns mercados estrangeiros passaram a contactar a CAPM para encomendarem o “famoso” Chouriço Mirandês, como é o caso da França.
Dada a grande afluência que este produto está a ter junto dos consumidores, a CAPM está a “ampliar os seus contactos com o mercado e a fazer alguns contratos de fornecimento”, para que a partir do próximo ano sejam postas no mercado cerca de 80 toneladas de chouriço por ano.
A par do processo de comercialização, esta entidade também está a trabalhar, desde o início deste ano, na certificação deste produto genuíno, que é confeccionado com carne mirandesa e entremeada de porco bísaro, duas raças que já possuem Denominação de Origem Protegida.

Carne mirandesa valorizada

Neste momento está a ser elaborado um Caderno de Especificação do Produto, necessário para a atribuição de uma Identificação Geográfica Protegida. Contudo, o facto desta denominação precisar do aval da Comissão Europeia leva à morosidade do processo.
No que toca à promoção, a CAPM tem exposto este produto em diversas feiras, de norte a sul do País, e vai apresentá-lo no Concurso Nacional de Bovinos de Raça Mirandesa que vai decorrer durante o próximo fim-de-semana, em Bragança.
O desenvolvimento económico da região através da criação de produtos novos é, igualmente, uma das pretensões daquela entidade que, a par do lançamento deste ex-libris mirandês, também criou um produto inovador na região designado “Churrasquito Transmontano”.
Recorde-se que o chouriço confeccionado com carne de bovino já era uma tradição do Nordeste Transmontano, visto que entre os anos 50 e 60 as pessoas conservavam a carne através do fumeiro, dado que não existiam frigoríficos.
Este costume foi passando de geração em geração, mas o aparecimento dos sistemas de refrigeração acabou por extinguir esta tradição.
A CAPM decidiu recuperar este produto tradicional para valorizar a carne mirandesa, distanciando-se assim da linha do “fast food”.