CEREJA em cima do…burro

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Ter, 13/06/2006 - 16:15


Há muito que a cereja não chegava a Bragança no dorso de um burro carregado de canastras.

Com o aparecimento dos tractores e das carrinhas, os meios de transporte foram mudando, até que a Associação Cultural e Desportiva de Santo Antão de Romariz (ASSAR), em parceria com a Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), decidiu recriar uma rota carregada de memórias.
A iniciativa arrancou no passado sábado, com um passeio de burro entre Romariz, concelho de Vinhais, e a cidade de Bragança. Objectivo: percorrer caminhos que faziam parte das antigas rotas utilizadas para transportar cereja até à feira da capital de distrito, estabelecendo contacto com as gentes das aldeias que fazem parte do percurso.
Esta foi a principal novidade da V Festa da Cereja da Freguesia de Nunes, que decorreu anteontem no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.
A recriação da Rota da Cereja começou no passado sábado, com a partida de oito burros em direcção a Nunes. Após passagem por Ousilhão e Vila Boa, seguiu-se um almoço junto à ribeira e uma sessão de jogos populares. O próximo destino era Alimonde, local escolhido para jantar e fim da linha do primeiro dia de percurso.

População à espera

Em Formil, primeiro local de passagem da manhã de anteontem, o grupo de viajantes era aguardado, ansiosamente, pela população, em especial pelos mais velhos, que ainda têm bem presente as deslocações de burro para as feiras da região.
Seguiu-se Castro de Avelãs, onde alguns populares aproveitaram a presença dos forasteiros para organizar uma visita guiada ao mosteiro da aldeia.
A chegada a Bragança fez-se sob orientação de agentes da PSP, que guiaram o grupo até ao centro da cidade. Esta primeira recriação da rota terminou com a oferta das canastras de cerejas às utentes do Lar de S. Francisco, instituição de Bragança que se dedica ao acolhimento de crianças e jovens desprotegidas.
Segundo o secretário técnico da AEPGA, Miguel Nóvoa, a iniciativa deverá continuar no próximo ano “e espera-se que conte com mais participantes, para possibilitar a implementação duma rota turística no futuro”.
O aumento do número de pessoas envolvidas, por outro lado, permitirá a realização de arraiais tradicionais com gaiteiros, nos locais de pernoita, tal como aconteceu em Alimonde. “Só com mais gente podemos organizar festas para durarem muitos anos”, salienta o dirigente.
Além da venda de cereja e “outros primores”, o certame que decorreu na freguesia de Nunes contou com um concurso de espantalhos e o já habitual torneio de tiro aos pratos.