Castelos transmontanos fora da rota

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Ter, 28/11/2006 - 11:43


A integração dos castelos do Nordeste Transmontano no projecto “Ruta de las Fortificaciones de la Frontera”, nunca saiu do papel.

Trata-se de uma hipótese que já foi apresentada pelo director do Museu do Ferro de Moncorvo, Nelson Campos, à Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta, mas que nunca mereceu interesse pelas entidades responsáveis. Isto apesar do programa estar a ser desenvolvido, na zona de Salamanca, há mais de cinco anos, com o apoio do Interreg.
“A minha proposta nunca mereceu interesse, talvez por falta de parcerias entre a região e a vizinha Espanha, e é pena que o nosso património esteja a ser desaproveitado, quando existe uma rota do lado espanhol que pode ser prolongada”, lamenta Nelson Campos.
Durante o II Seminário Internacional sobre “O Património Cultural da Região de Bragança/Zamora”, que decorreu na passada quinta-feira, em Bragança, o director do Museu do Ferro apresentou a proposta do prolongamento da “Ruta de las Fortificaciones de la Frontera” para o lado português, entrando por Miranda e saindo por Freixo de Espada à Cinta, ou vice-versa.
Nelson Campos fez uma alteração à rota inicial, prolongando-a mais para Norte, de modo a abranger a região de Zamora.

Rota dos Castelos poderá ter início em Freixo, seguindo para Mogadouro, Penas Róias, Algoso, Vimioso, Miranda, prolongando-se até Zamora (Espanha)

“Inicialmente tinha pensado numa rota que girasse um pouco no sentido contrário dos ponteiros do relógio, com início em Freixo, passando por Moncorvo, Santa Cruz da Vilariça, Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, seguindo daí para o lado espanhol”, explica Nelson Campos.
Agora, a proposta do director do Museu do Ferro vai no sentido de prolongar a rota espanhola em direcção a Fermoselle, em Zamora, seguindo para o lado português a partir de Miranda do Douro, com saída em Freixo de Espada à Cinta, ou vice-versa.
De acordo com esta opção, a rota portuguesa abrangeria Freixo, Mogadouro, Penas Róias, Algoso, Vimioso, Miranda, onde teria ligação a Zamora.
Contudo, Nelson Campos realça que a Rota dos Castelos é uma questão que “dá pano para mangas”, dada a extensão da fronteira entre Portugal e Espanha.
Além disso, o responsável salienta que já foram feitos muitos investimentos ao nível da recuperação e investigação do património, pelo que considera fundamental rentabilizar esses espaços históricos através do turismo.
“A dinamização dos castelos é uma forma de divulgarmos os nossos produtos, a nossa gastronomia, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região”, acrescentou o director do Museu do Ferro.
Para que este projecto turístico possa ser concretizado, o responsável afirma que, a par da recuperação do património e da colocação de sinalética, o investimento privado também é fundamental para garantir a oferta necessária aos turistas.
“Por exemplo, a Casa dos Pegados, em Mogadouro, que está em ruínas, se não for recuperada por nenhuma entidade pública, podia ser adquirida por um particular para fazer uma estalagem de qualidade, onde servissem ementas medievais”, concluiu Nelson Campos.