Carlos Martins toma posse como comandante dos bombeiros de Bragança numa altura “difícil financeiramente”

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Ter, 14/06/2022 - 16:41


Os Bombeiros Voluntários de Bragança admitem recorrer ao apoio da sociedade civil e de entidades locais para fazer face aos gastos que continuam a subir.
Os bombeiros de Bragança despendem mais cerca de 10 mil euros por mês em combustível, comparativamente com o ano passado, valor que passou de cerca de 18 mil para 28 mil euros. Já o preço pago o transporte de doentes mantém-se inalterado há cerca de uma década, situando-se nos 51 cêntimos por quilómetro. Além do preço dos combustíveis, também o aumento do salário mínimo deixa as contas da corporação no limite. “Estamos a chegar a um ponto muito crítico, porque infelizmente o Estado não nos está a remunerar como devia. As nossas despesas neste momento são superiores ao que o Estado nos está a pagar por quilómetro, nós não queremos que as pessoas de Bragança fiquem sem socorro”, sublinhou o presidente da Associação Humanitária, José Fernandes, que afirmou mesmo que são as corpora-
ções que estão a subsidiar o Estado. Ainda assim, o antigo comandante assegura que o socorro por parte dos bombeiros não vai ficar comprometido. “Prometo aqui que o povo de Bragança não vai ficar para trás nem vai morrer por falta de socorro, independentemente de o Governo nos apoiar ou não, porque se não nos apoiar iremos ter com o povo, como os bombeiros já foram muitas vezes, e o povo há-de vir em nosso auxílio e também sabemos que a câmara municipal nos há-de apoiar”, referiu.
Declarações no aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Bragança, que no passado sábado comemorou 132 anos de existência. Cerimónia que ficou marcada pela tomada de posse de
Carlos Martins como novo comandante da corporação. Entrou para a corporação em 1995 e depois de 15 anos como segundo comandante e desde Novembro como comandante interino, agora que assumiu oficialmente o cargo afirma que vai trabalhar para que o seu legado seja marcante e adiantou que vai apostar em dois pilares fundamentais. “Um é a formação, para manter o socorro no patamar de excelência a que estamos habituados. Outro é a sustentabilidade, estou a contar com órgãos locais, distritais e até nacionais para que nos possam auxiliar neste que é um período bastante difícil, monetariamente, porque o pre-
ço dos combustíveis está a aumentar, o salário mínimo aumentou, o voluntariado está em decréscimo, em três anos conseguimos promover quatro bombeiros, o que é muito pouco”, acrescenta.
Apesar da situação ser preocupante, ao assumir o comando da corporação também garante que nem o socorro nem o combate a incêndios está em causa. “Estamos preparados para
aguentar bastante tempo, mas se isto continuar assim vai haver dificuldades”, explica já que o “o aumento dos custos vai afectar a situação financeira das associações, na vertente do transporte
de doentes”, desequilibrando as contas. Perante a possibilidade de os bombeiros precisarem de mais apoios, o presidente da Câmara Municipal de Bragança, Hernâni Dias, deixou a garantia de que o municí-
pio “vai ter a preocupação de fazer o que tem de ser feito para que nada de mal aconteça” e apesar de se dizer “muito confortável com o nível e a prontidão de socorro no nosso concelho, garantido seja por esta corporação seja pelos Bombeiros Voluntários de Izeda”, que fazem uma “cobertura boa”, admite pressionar para que o apoio aos soldados da paz aumente. “Faremos aquilo que nos compete fazer, mas
não deixaremos de reivindicar, junto das entidades competentes, aquilo a que cada um tem direito, que são os meios que lhes permitem desenvolver a sua actividade, com o mais elevado profissionalismo”, afirmou o
autarca.

Nova ambulância e equipamentos

Os Bombeiros Voluntários de Bragança receberam ainda uma ambulância de socorro pré-hospitalar totalmente equipada, oferecida por um habitante da cidade que quis ficar no anonimato. “Temos uma ambulância o INEM no Posto de Emergência Médica, no entanto, temos em média 300 ocorrências por mês e uma ambulância não chega, os corpos de bombeiros têm de se munir de ambulâncias iguais às amarelas, para fazer o mesmo serviço. Temos seis destas ambulâncias disponíveis para emergência pré-hospitalar”, destacou o comandante. Já a associação humanitária, investiu cerca de 17 mil euros em 16 equipamentos de protecção para os bombeiros, para as duas equipas de intervenção permanente, renovados devido ao desgaste. 

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro