Ter, 11/07/2006 - 15:54
Jornal Nordeste (JN) – Esta foi uma época em que o Mirandela liderou durante muito tempo, mas na fase decisiva deixaram fugir a liderança para os rivais directos. O que é que aconteceu?
Carlos Correia (CC) – Antes de mais quero dizer que foi uma época fabulosa. É verdade que deixamos fugir a liderança, mas também é verdade que a direcção nos pediu a manutenção e nos colocou como fasquia, não a subida, mas a manutenção com a melhor classificação possível, ou seja do 6º lugar para cima.
J.N. – Então como classifica a posição alcançada. Houve sorte no 3º lugar conquistado?
C.C. – Sorte foi o que nos faltou para termos ultrapassado os objectivos que nos traçaram para a época.
J.N. – Só sorte? Se a sua equipa se pode queixar de algumas arbitragens menos conseguidas em que saíram prejudicados, também há responsabilidade na pouca experiência da muita juventude da sua equipa…
C.C. – É verdade que os meus atletas tiveram jogos em que não conseguiram lidar com a pressão, também não é menos verdade que fomos prejudicados em alguns jogos que acabamos por empatar, estando a vencer por dois golos de diferença. Não foi pelos árbitros que não subimos, a falta de experiência de alguns jogadores e mesmo algumas vezes em que eu tenha errado nas decisões são mais responsáveis. Errei e hei-de continuar a errar, embora a minha intenção seja fazer sempre o melhor.
J.N. No entanto, conseguiu uma equipa muito equilibrada e articulada entre os vários sectores quando renovou praticamente toda a equipa…
C.C. –Os jogadores não foram escolhidos ao acaso, não chegaram ao plantel em pacote. Aqueles que vieram já andavam a ser observados há muito tempo e alguns que vieram esta época até já eram para ter vindo. Os que vão vir para a próxima época já estão bem referenciados por nós.
J.N. – Qual é o balanço que faz desta época?
C.C. – Um 3º lugar é sempre honroso, com os pontos que conquistamos subiríamos em qualquer uma das outras séries. Das cinco equipas muito fortes que podiam ter subido de divisão nós ficamos no meio, andamos no topo muito tempo e conseguimos uma equipa compacta, equilibrada, muito forte e com grande filosofia no sentido da vitória. E deixe-me que preste homenagem aos meus jogadores, foram uns heróis, é uma honra para mim ser o treinador destes jogadores.
J.N. – Em relação à próxima época. Este ano, o Mirandela assume-se de início para subir ou vai manter-se com os objectivos da manutenção?
C.C. – Assumimos a subida de divisão. Do plantel do ano passado ficam 95 por cento dos atletas, que irão ser reforçados com um mínimo de cinco reforços de peso, que nos dão garantias para sermos efectivamente candidatos. No entanto, sabemos que não vai ser fácil. As dificuldades vão ser muito maiores, mas estamos tranquilos porque sabemos o plantel que temos. Sobre a subida ou não só me preocupa uma coisa: a demora em ser decidido se vamos disputar um campeonato em que queremos lutar pela subida ou, apenas, por fazer um bom campeonato, assegurando a manutenção. Mas, independentemente daquilo que esteja destinado, estamos preparados para competir com toda a dignidade, honrando os pergaminhos do clube e da cidade.
J.N. – Quem são os dispensados e quem são os reforços? E qual é o seu futuro como treinador?
C.C. – São cinco reforços que, para já, não é conveniente revelar. Quanto às dispensas, num clube há sempre que fazer ajustamentos, o que não significa que os atletas não tenham valor. Uns porque vão estudar para fora ou porque a sua vida os obriga a ir para outras terras, outros por não conseguirem atingir o que esperávamos deles, é necessário equacionar outras alternativas. Tony, Clemente, Bernardino, Ivo estão em dúvida, tal como Eduardo, que ainda não sabe se ficará connosco, porque quer iniciar a sua carreira profissional.
Quanto ao meu futuro, sou filho da terra, um antigo jogador do Sport Clube e gostaria de subir o clube da minha terra à 2ª divisão. Sei que não sou eterno, principalmente no futebol em que há muitas situações que ameaçam a carreira de um treinador, mas subir à 2ª divisão é, de facto, a minha ambição neste momento.