Capoeiras fechadas e tapadas

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Ter, 09/05/2006 - 15:19


“Mais vale prevenir do que remediar” é o lema do Plano de Vigilância da Gripe Aviária, que está em curso em todo o País desde o final do Verão do ano passado.

Uma das faces visíveis deste conjunto de medidas é o registo obrigatório das aves domésticas (galinhas, frangos, perus, patos, gansos, codornizes, avestruzes e pombos), um processo que vai traçar um retrato da produção avícola portuguesa.
Segundo o Direcção Geral de Veterinária (DGV) “o recenseamento visa, essencialmente, sinalizar as explorações domésticas, incluindo as habitualmente designadas como galinheiros, cuja produção se destine ao autoconsumo ou à cedência a utilizadores ou detentores finais”.
O processo de recolha de informação arrancou no passado dia 6 de Março e termina no próximo dia 21, por determinação da DGV.
No sentido de aumentar a eficácia das acções preventivas, o recenseamento tem sido acompanhado de acções de sensibilização que visam informar os produtores acerca das precauções que devem tomar na criação de aves.
O Jornal NORDESTE acompanhou uma dessas acções no terreno, que decorreu na aldeia de Lagarelhos, concelho de Vinhais, com a participação do veterinário municipal, Duarte Lopes, e do presidente da Junta de Freguesia de Vilar de Ossos, Manuel Martins.

Galinheiros abundantes

Ao que foi possível constatar, um dos principais conselhos transmitidos à população passa por guardar as galinhas, patos, pombos e outras espécies domésticas em espaços cercados e cobertos, para evitar o contacto com pássaros que eventualmente possam transportar a doença.
Recorde-se que o principal veículo de contágio são as aves migratórias que provêm do Norte da Europa e procuram os países mais a sul para invernar, como é o caso de Portugal.
Em Trás-os-Montes e Alto Douro não existe nenhuma zona de risco, pois a invernação das aves migratórias é feita na faixa litoral, mas a quantidade de galinheiros obriga a cuidados redobrados. “Os dados que possuímos dizem-nos que 70 por cento das habitações possuem capoeiras”, sublinhou Duarte Lopes, acrescentando que esta percentagem implica cuidados redobrados em matéria de prevenção.

Elo vulnerável

“Os galinheiros são um dos elos mais vulneráveis da cadeia da prevenção, atendendo à probabilidade de introdução do vírus H5N1 que circula na Europa entre as aves aquáticas silvestres no território português, bem como à experiência da evolução da doença nas aves ao nível desta pequenas explorações domésticas na Ásia e na África”, esclarece a DGV em comunicado.
Outra das recomendações transmitidas nas acções do terreno prende-se com a compra de aves. “As pessoas podem continuar a comprar aves, mas devem-se fazê-lo nos locais devidamente autorizados para esse efeito”, adverte o veterinário municipal de Vinhais.