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Caos em Freixo

Ter, 12/09/2006 - 15:56


Bastaram duas horas para lançar o caos em Freixo de Espada à Cinta. As fortes chuvadas, com trovoada e granizo à mistura, provocaram uma enxurrada como nunca se viu na vila.

Em certos locais, a água atingiu os três metros de altura, causando inundações em casas e lojas, além de ter arrastado mais de 20 carros. Num parque de estacionamento, seis viaturas ficaram submersas e a tarde do passado sábado não será esquecida tão cedo pelos freixenistas.
Apesar de não haver registo de feridos, pelo menos 12 pessoas foram obrigadas a pernoitar nas instalações da Santa Casa da Misericórdia, tal foi o estado em que ficaram as suas casas. Muros caídos, estradas bloqueadas e culturas danificadas são outras das consequências do temporal, que se abateu sobre a vila por volta das 18 horas. O pior período registou-se entre as 19 e as 19:30 horas. A tromba d´água apanhou toda a gente de surpresa, não só pela violência, mas também porque o céu tinha estado limpo durante toda a tarde. Surpreendidos foram igualmente os banhistas que se encontravam na praia fluvial da Congida, em pleno Douro. Nesse local, o deslocamento de terras obrigou os bombeiros a evacuar um autocarro que transportava crianças.

Ribeiro encanado

Acresce que vários equipamentos públicos foram afectados e destruídos, como foi o caso do Arquivo Municipal, pavilhão gimnodesportivo, Paços do Concelho e diversas viaturas da autarquia.
Quem também não escapou à enxurrada foi a Banda Filarmónica de Freixo de Espada à Cinta, que viu a suas instalações destruídas e os instrumentos danificados, “com prejuízos a rondar os 150 mil euros”, avançou António Morgado, responsável pelo agrupamento.
Quanto às causas da subida das águas, muitos foram aqueles que apontaram o dedo a um ribeiro que atravessa a zona central da vila, que foi encanado nalguns locais. “As obras estão mal feitas e não há escoamento suficiente”, lamentam alguns populares.
Confrontado com esta situação, o presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cintra (CMFEC), José Santos, reconhece que “tem de se estudar uma solução, para que não volte a acontecer uma situação idêntica

Colheitas perdidas

Em termos agrícolas, um terço das colheitas agrícolas está perdido e várias dezenas de animais domésticos morreram afogados.
As culturas mais afectadas são as da azeitona, a vinha e o amendoal, ao passo que também há danos a registar nos caminhos vicinais e muros das propriedades agrícolas.
Atendendo às circunstâncias, a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes enviou para o local uma equipa de técnicos que se encarregarão de avaliar a situação.
Recorde-se que as vindimas já começaram e há três dias que a Adega Cooperativa de Freixo recebia os primeiros contentores de uvas. No entanto, as inundações também afectaram esta organização agrícola, danificando os motores eléctricos que se encontravam junto ao solo da adega.

Autoridades avaliam estragos

O governador civil de Bragança, Jorge Gomes, também já esteve em Freixo para conhecer as necessidades mais urgentes dos cidadãos.
Por seu turno, a CMFEC colocou em funcionamento um gabinete de crise onde os munícipes podem dar conta dos estragos provocados nas suas propriedades.
José Santos já adiantou que vai pedir ajuda ao Governo no sentido de minimizar os estragos, já que “as débeis finanças da autarquia não permitem grandes gastos”.
A declaração de calamidade pública está fora de questão, “mas vai ser feito um levantamento rigoroso da situação para se entregar nos respectivos ministérios”, assegurou o autarca.
Após o alerta, o INEM enviou para o local uma viatura de Intervenção e Catástrofe (VIC) dotada de hospital de campanha e uma equipa composta por médico, psicólogo e um enfermeiro.
Nas operações de socorro e limpeza estiveram envolvidos mais de 50 bombeiros, provenientes de seis corporações.