Cachos secos e videiras no “limite” fazem cair produção de vinho

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Ter, 30/08/2022 - 11:53


Os produtores de vinho da região viram-se obrigados a começar a vindima mais cedo, devido à seca e elevadas temperaturas que anteciparam a maturação da uva

As uvas brancas para a produção do vinho Ninho da Pita, em Alfândega da Fé, já foram apanhadas. Se o ano passado foram produzidos 16 mil litros desta marca, este ano serão apenas 12 mil, segundo as previsões. O proprietário, Vítor Bebiano, aponta uvas com “bagos pequenos” e videiras que estão “no limite de aguentar”. “Em termos de vinificação notamos muito menos líquido, o que quer dizer que com os mesmos quilos produzimos muitos menos litros. Vai ser um ano difícil. No branco houve uma quebra de 20% e no tinto ainda será mais”, disse. Além da quebra de produção, o produtor queixa- -se dos custos de produção e da falta de material, como garrafas. Vítor Bebiano reclama o preço do gasóleo que “quase duplicou” e o aumento do preço da electricidade, dos produtos fitofármacos e dos materiais utilizados, como madeira, vidro, papel e capsulas. Por isso, considera que é preciso criar apoios para os agricultores, caso contrário, “vai ser muito difícil manter este tipo de negócio”, em que as pequenas produções deixam de ser “rentáveis” e são ultrapassadas por grandes empresas fazem “concorrência em termos de preços completamente insuportável”. Já na zona da terra fria, a vindima ainda não foi feita mas, ainda assim, prevê-se que seja feita ainda mais cedo do que nos anos anteriores. Pelo menos é a previsão do produtor do vinho Casa do Jôa, com vinhas na aldeia de Parada, concelho de Bragança. Jorge Afonso estima que as temperaturas altas e a falta de água façam cair a produção em 30%, provocando um “impacto económico na actividade”. Nalguns casos, os cachos estão praticamente secos. “Tenho aqui algumas parcelas que vou ter quebra praticamente total, as uvas estão mesmo muito secas na plantação que fiz há sete ou oito anos. Nas vinhas mais antigas, as centenárias são um espectáculo porque resistem a tudo”, disse. O empresário considera que para resolver este cenário são precisos mais do que subsídios para os agricultores. Defende que o estado central devia criar um plano estratégico de longo prazo para uma melhor gestão dos recursos hídricos, para que em anos de seca, como este, situações como as que o sector agrícola atravessa, sejam acauteladas. Um ano atípico, com quebras a rondar os 30% no sector vitivinícola.

Foto: Casa do Jôa

Jornalista: 
Ângela Pais