Bragança precisa de helicópteros

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Ter, 08/11/2005 - 15:37


Os dois aviões que foram utilizados no distrito de Bragança para o combate aos fogos revelaram-se ineficazes, devido às características acidentadas do terreno.

Esta foi a conclusão a que chegaram as autoridades locais, depois de ter terminado mais uma época de fogos florestais. Os dados que retratam o impacto dos incêndios no Nordeste Transmontano foram divulgados, na passada quarta-feira.
De acordo com o governador civil de Bragança, Jorge Gomes, este ano revelou-se “atípico”, uma vez que a seca extrema facilitou o aparecimento e a propagação dos incêndios. A este factor climatérico juntou-se a falta de limpeza das matas e a falta de acessibilidades ao terreno, o que dificultou o trabalho dos bombeiros no combate às chamas.
Na óptica de Jorge Gomes, o balanço da época de incêndios deste ano é considerado “positivo”, contudo, “é preciso tirar algumas lições para melhorar as actuações no futuro”, acrescentou o governador.

Helicópteros para substituir aviões

A substituição dos dois aviões Dromader que operaram no distrito por helicópteros é uma das mudanças reivindicadas pelo governador civil e pelo coordenador distrital de Operações de Socorro (CDOS), Sá Lopes.
“Os aviões demoram mais tempo a abastecer e necessitam de muitos meios em terra para apoiar o abastecimento”, acrescentou o responsável do CDOS.
De acordo com os responsáveis, o combate aos incêndios pode ser melhorado se o distrito for dotado de três helicópteros (dois a Norte e um a Sul do distrito), uma questão que “já foi colocada a nível nacional”, garante o governador.
A par da substituição dos meios aéreos, as queimadas controladas, durante o Inverno, são, igualmente, acções apontadas para minimizar os efeitos dos fogos. Esta é uma acção que já faz parte das novas directrizes do Governo, pelo que Jorge Gomes acredita que já vai trazer resultados positivos durante o próximo ano.
No combate aos fogos florestais, o distrito de Bragança também contou com o apoio dos meios disponibilizados pela vizinha Espanha. “A ajuda do país vizinho foi crucial, uma vez que permitiu minimizar as consequências da devastação”, acrescentou Sá Lopes.
Os militares do exército tiveram, igualmente, um papel importante no combate aos fogos, dado que ajudaram os soldados da paz a fazer o rescaldo e nas tarefas de vigilância da floresta.

Parques longe das chamas

Este ano, foram registados 952 incêndios na região, que envolveram 13 142 homens e 3 312 viaturas, um número superior ao ano de 2003, considerado um dos piores a nível de fogos, altura em que se registaram 634 ocorrências.
Em relação à área ardida, os números diminuíram. Este ano, foram dizimados 13.310 hectares, na sua maioria mato, enquanto há dois anos arderam mais de 15 mil hectares.
Entre os concelhos mais fustigados durante o último Verão destacam-se Carrazeda de Ansiães e Vinhais, onde arderam 2, 644 e 2,194 hectares, respectivamente.
Foi também no concelho de Vinhais que as autoridades detiveram um maior número de alegados incendiários, nomeadamente oito das 14 detenções efectuadas no distrito de Bragança.
Na abertura da caça, já em Outubro, foi o dia em que se registou um maior número de incêndios em simultâneo. Este é um dado que leva o governador civil a defender que a época da caça não deve abrir ao mesmo tempo em todo o País, mas sim de acordo com as condições de cada região.
Já as zonas protegidas do Nordeste Transmontano acabaram por escapar à fúria das chamas durante a época do Verão. De acordo com Jorge Gomes, os incêndios no Parque Natural do Douro Internacional acabaram mesmo por não ter expressão, ao passo que a área ardida no Parque Natural de Montesinho (1.700 hectares) ocorreu no mês de Março.