Bouça guarda menir

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Ter, 10/01/2006 - 15:02


Quem passa pela aldeia da Bouça, concelho de Mirandela, não deixa de reparar na grandiosa “pedra”, com quase três metros de altura, exposta diante da Casa do Povo.

A Estátua Menir da Bouça, assim se chama o emblemático monólito de granito, remete-nos para a existência de outros povos na localidade: os Romanos.
Encontrado, segundo o presidente da Junta de Freguesia da Bouça (JFB), Nuno Patatas, “há pelo menos 15 anos, na chamada zona das Muralhas, junto à ponte de Vale de Telhas”, o achado não passou despercebido às entidades competentes que se deslocaram à aldeia para comprovar o valor e historicidade da “pedra” gigantesca.
Após a sua descoberta, responsáveis da Expo’98 demonstraram interesse em levar a Estátua Menir para Lisboa, onde esteve exposta durante o tempo que durou o evento internacional.
Com 2,45 metros de altura e 75 centímetros de espessura máxima, duas faces, uma plana e outra convexa – mais estreito no topo que na base, o monólito é um exemplar fálico utilizado na Pré-História para demarcar a homenagem aos mortos. Decorado em toda a sua superfície com sulcos e covinhas, destacam-se os motivos, gravados mais fundo, que se podem observar nas partes média superior e inferior.
Ainda que parte da população da Bouça não tenha noção da antiga utilidade e função da Estátua Menir, é da opinião geral que representa uma mais valia para a aldeia. Na óptica do presidente da JFB, “é um bem precioso que é alvo da curiosidade de muitas pessoas que por aqui passam”.

Passagem de outros povos

A aldeia da Bouça, até ano de 1855, pertencia ao concelho de Torre de D.ª Chama, passando, posteriormente a integrar o concelho de Mirandela, até aos dias de hoje.
A localidade terá emergido na sequência duma “bouça”, pertença de um povoado maior, onde se praticava o cultivo do campo e do mato.
Em documentos do século XVII, surge como Bouça do Nuno. Já na Estatística Paroquial do século XIX, aparece como Bouça do Nunes, talvez como referência a algum habitante.
A existência de antigos povos e culturas na região é comprovada através de vestígios de arqueologia romana e pré-romana, tal como a Estátua Menir.
Nuno Patatas defende, mesmo, “a presença de mais peças e indícios de outras civilizações” na zona das Muralhas e da ponte de Vale de Telhas. “É uma zona muito linda, muito perfeita, onde se nota que ali viviam outros povos”, acrescenta o responsável da JFB.