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Berta Nunes contesta encerramento das maternidades

Ter, 29/11/2005 - 15:10


A coordenadora da Sub-Região de Saúde de Bragança, Berta Nunes, foi a grande protagonista da conferência sobre “Demografia e Maternidade”, que decorreu, na passada quinta-feira, em Mirandela.

A iniciativa partiu da Câmara e Assembleia Municipal de Mirandela, em parceria com o Hospital Distrital daquela cidade, tendo como principal orador Albino Aroso, presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e de Neonatalidade e responsável pelo estudo que sugere o encerramento de maternidades que realizem menos de 1.500 partos ano.
O responsável continua a defender que, em Portugal devem encerrar entre 10 a 15 maternidades para continuar a manter a qualidade e segurança na realização de partos.
Em resposta às afirmações de Albino Aroso, Berta Nunes disse falar enquanto mulher e trasmontana, chamando a atenção para a rede de acessibilidades no contexto de um eventual encerramento duma maternidade. “Está-se a dar demasiado ênfase às questões técnicas sem ver o problema no seu conjunto. É evidente que nós temos que ter em consideração a qualidade dos cuidados e o número de obstetras mas, na nossa região, há uma série de outras questões que é preciso acautelar, nomeadamente a questão das acessibilidades”, avisou Berta Nunes.

“Não é aceitável”

Referindo-se à possibilidade de virem a ter de se percorrer muitos quilómetros para dar à luz ou obter apoio durante a gravidez, a responsável não esteve com rodeios. “Não nos parece que seja aceitável”, alega.
De qualquer forma, a coordenadora da Sub-Região de Saúde de Bragança assegura que qualquer decisão terá por base estudos de ordem técnica. “É evidente que o Governo vai ouvir os peritos, cujos estudos vão no sentido de concentrar recursos. Por isso, acho que o Governo deve ouvir, também, as populações, as grávidas e os técnicos da região”, sustenta Berta Nunes.
Já o presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Silvano, considera a organização desta conferência o pontapé de saída para a luta para evitar o encerramento de qualquer maternidade no distrito. “Eu quase que tenho a certeza, e digo-vos isto com mágoa, que o Governo está preparado para encerrar as maternidades, pelo que este colóquio serve para iniciarmos um processo que leve o Governo a não as encerrar”, revelou o edil.

Vai haver encerramentos

Na óptica do autarca, os estudos e as recentes afirmações do ministro da Saúde deixam poucas dúvidas. “O ministro reconheceu que é preciso encerrar 15 maternidades, isso representa redução das despesas na Saúde e o relatório elaborado pelo Prof. Albino Aroso é, agora, continuado por outro técnico especialista na matéria, o que conduz, também, ao encerramento de maternidades”.
Confrontado com a frieza dos números avançados pelos técnicos, o autarca deixa um conselho aos decisores políticos. “Não podemos pensar no interior só no ponto de vista médico. Temos de pensar do ponto de vista administrativo, nas aldeias que começam a desaparecer e nas mulheres que não podem ser obrigadas a percorrer quilómetros e quilómetros para realizar um parto”, alega o edil mirandelense.