Batota banida da Senhora da Serra

PUB.

Ter, 13/09/2005 - 15:24


As pessoas que alugaram as tabernas da Senhora da Serra ficaram descontentes com a queda do negócio durante as festas deste ano.

De acordo com estes taberneiros sazonais, a principal causa da falta de clientes prendeu-se com a proibição do jogo da batota, um divertimento ilegal procurado por grande parte dos visitantes.
A vitela e a batota são duas tradições que caracterizam as festas da Senhora da Serra, mas, este ano, as autoridades passaram a pente fino os movimentos dos apostadores.
“Havia muita gente que vinha aqui comia a vitela e fazia uma ‘vaquinha’, uns ganhavam e outros perdiam, mas nunca houve problemas”, garantiu Manuel Martins, um dos sócios das tabernas da Senhora da Serra.
Os apostadores reuniam-se no primeiro andar do edifício, onde passavam horas e horas à volta do baralho de cartas. Este ano, as autoridades apertaram o cerco aos jogadores a dinheiro e àqueles que promoviam aquela prática ilegal, uma situação que revoltou os exploradores do negócio.

Taberneiros descontentes

Segundo Manuel Martins, a batota era “sagrada” para muitas pessoas que costumam deslocar-se à Serra da Nogueira. “Por isso comeram a vitela e acabaram por rumar em direcção a outras paragens, o que prejudicou gravemente o negócio”, acrescentou o comerciante.
As tabernas são alugadas por gentes de Rebordãos à Confraria da Senhora da Serra a preços elevadíssimos. O espaço é alugado em leilão e aqueles que oferecerem a fasquia mais alta ficam a explorar o negócio durante os dez dias da festa.
“Nós disputámos um preço tão elevado porque estávamos a contar que o negócio ia correr tal como em anos anteriores, mas com a proibição do jogo os clientes não apareceram e vou mesmo perder dinheiro”, salientou Manuel Martins.
Em anos anteriores os apostadores iam jogando, ao mesmo tempo que bebiam e comiam. Quando sentiam a presença da GNR escondiam o jogo, para desviarem as atenções das autoridades.

Autoridades fiscalizam “batoteiros”

Os taberneiros confessam que foram apanhados de surpresa com esta fiscalização “serrada” e afirmam não compreender o término desta tradição quando “nunca houve desacatos por causa do jogo”.
De acordo com as autoridades, o jogo da batota nas tabernas da Senhora da Serra estava a passar das marcas, uma vez que já havia muita gente e muito dinheiro envolvidos naquela prática ilegal.
Este ano, a fiscalização foi mais persistente, visto que estiveram envolvidos vários agentes à civil e a maioria deles não pertenciam ao comando de Bragança.
“Fizemos um acordo com os taberneiros e com a Confraria da Senhora da Serra, para impedir a exploração do jogo clandestino naquele local. Depois fiscalizámos o cumprimento deste acordo”, acentuou o major Sá Pires, da GNR de Bragança.
Durante a patrulha tudo correu normalmente e ninguém foi apanhado a praticar este acto que, de acordo com a Lei, é punido como crime.
As autoridades vão, agora, transferir a mesma táctica de fiscalização para a Romaria do nosso Senhor dos Chãos, também no concelho de Bragança.