Barragem da Burga sem água

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Ter, 12/07/2005 - 16:06


A barragem da Burga está parada há uma semana, devido à falta de água. Em algumas zonas da albufeira já se vê terra em vez de água, porque a chuva não cai e o regadio no Vale da Vilariça consumiu o líquido que estava armazenado.

Segundo o presidente da Junta de Agricultores do Vale da Vilariça (JAVV), Fernando Brás, adivinham-se prejuízos avultados para a agricultura da região. “As perdas vão ser grandes, porque a barragem da Burga é a única fonte de rega do bloco norte do Vale da Vilariça”, sustenta o responsável.
Esgotada a água na albufeira da Burga, resta aos agricultores que dependem deste aproveitamento esperar que chova, pois não existem alternativas. “A única hipótese é a chuva”, desabafa Fernando Brás. Mas, como não se antevê chuva para os próximos dias, há culturas que vão sucumbir à falta de água.
Mais a sul, no bloco do vale servido pela barragem do Salgueiro, os tempos são de contenção. “Ao fim de semana não há rega, porque temos de racionar a água que resta para evitar ficar sem nenhuma”, explica o responsável.

Santa Justa vazia

Se o Plano de Regadio do Vale da Vilariça estivesse mais avançado, o presidente da JAVV garante que a situação seria bem diferente.
Recorde-se que a barragem de Santa Justa, que faz parte do bloco norte, está concluída, mas ainda não começou a armazenar água. “Ainda não está em fase de enchimento, devido a problemas burocráticos relacionados com o Instituto Nacional da Água, e porque, nesta altura, também não há água suficiente para encher”, revela Fernando Brás.
Sendo assim, a barragem de Santa Justa só deverá encher durante o próximo Inverno, mas já será tarde para salvar as culturas no Vale da Vilariça. “Se a barragem de Santa Justa já estivesse cheia, não se tinha gasto tanta água da barragem da Burga e a seca não estaria afectar os agricultores desta forma”, alega o responsável.
Recorde-se que o Plano de Regadio do Vale da Vilariça é uma velha aspiração dos agricultores daquela zona do distrito de Bragança. Os terrenos são propícios à plantação de frutícolas e hortícolas, mas a falta de água impede os lavradores de tirar o máximo proveito da terra.
Para concluir o plano de regadio, falta, ainda, construir as barragens do Ribeiro Grande e do Arco, que vão servir o bloco Sul da rede de rega, maioritariamente pertencente ao concelho de Torre de Moncorvo. No bloco Norte, as barragens que compõem o aproveitamento são as de Santa Justa, do Salgueiro e da Burga, estas últimas construídas na década de 70.