Ter, 04/07/2006 - 16:03
No entanto, é com pena que algumas vezes ouço denegrir o nome de Portugal em prol de políticas bacocas que pretendem deitar abaixo o sentimento nacionalista, que logicamente temos para com o país onde nascemos. Pátria, sempre significou muito para os portugueses e não é por termos vivido durante 36 anos, talvez menos, sob um regime totalitarista, que perdemos o sentido pátrio ou renegamos o torrão onde primeiro vimos o nascer do Sol.
Temos uma Pátria, temos uma bandeira e só temos que nos orgulhar disso e defender ambas com todas as forças que pudermos arranjar. É isso que nos dignifica como pessoas e como povo independente.
Infelizmente, ainda conseguem existir pessoas que renegaram a nossa bandeira e chegaram mesmo a pisá-la, numa atitude muito pouco digna e respeitável, merecendo pesada sanção, mas em vez disso ainda receberam louvores de outros tantos que como eles, pensavam um Portugal diferente. Coitados!
Pena, isso sim, é que hoje seja necessário um brasileiro incutir no povo
português esses sentimentos tão nobres de patriotismo e nacionalismo, muito embora a pretexto de um campeonato mundial de futebol. Mas a verdade é que conseguiu há dois anos e conseguiu agora. Hoje as janelas são poucas para tanta bandeira nacional, espelhando esse sentimento tão genuíno e profundo que nos faz verter lágrimas e nos embarga a voz, como se estivéssemos numa embriaguez de euforia espontânea que não podemos controlar.
Por outro lado, não sei se este sentimento nacional é meritório na actual
conjuntura em que vivemos internamente. Na verdade, só temos é razões para nos queixarmos perante tantas decisões governamentais incompreensíveis, perante tanta prepotência e sujeição.
Como dizia um amigo meu, só me apetecia pôr uma bandeira na janela quando Portugal deixar de ser o país da Europa com maior índice de abandono escolar, analfabetismo e corrupção, quando o desemprego for um desígnio nacional, quando os morangos com açúcar forem exclusivamente uma sobremesa, quando os médicos fizerem greve para obrigar os governos a dar condições de assistência digna aos cidadãos, em vez de as fazerem exclusivamente por motivos de dinheiro, quando os professores fizerem greve para obrigar os governos a transformar o ensino numa actividade digna para eles e para os alunos e não só por motivos de dinheiro e interesses pessoais e quando tivermos um ministro da educação que saiba exactamente o que anda a fazer e o que deve fazer. Ele tem razão! Quase me apetecia dizer o mesmo, mas o meu país não merece isso e a minha bandeira vale muito mais que um governo falhado, que
uma greve de conveniência ou uma ministra da educação que anda à deriva e ao sabor das palavras do seu secretário de estado. O meu amor por Portugal
não é só demonstrado quando jogamos contra outros países num qualquer
campeonato de futebol ou de hóquei.
É verdade que eu vibro com estes acontecimentos. É verdade que sofro como sofri no jogo contra a Inglaterra. É verdade que o ser português aqui falou mais alto. Muito mais alto. É verdade que rolou uma lágrima incontida com a
vitória final. Porquê? Tudo isto porque o sentimento patriótico, a vertente
nacionalista, pesou imenso na altura e era uma pátria inteira, uma nação,
que seguia em frente nesta contenda e à procura da vitória final. Era o meu
país. Não foi pela vitória, pois já ganhámos outras vezes. Foi pelo facto
de ser Portugal. A Selecção Portuguesa. Aqui não há clubismo. A vontade de ganhar é a vontade de um povo inteiro e não de um qualquer clube. E foi este sentimento profundo, que alguns querem negar chamando-lhe nacionalismo bacoco e perigoso, que fez com que todos saíssemos à rua e gritássemos o nome de Portugal.
Será a este propósito que o nosso Primeiro-Ministro quer ir ver a Selecção
jogar contra a França? Será que é o tal nacionalismo, o tal patriotismo
profundo que o faz lá ir, ou será que é só pelo prazer de ver mais um jogo,
de representar o país e de se divertir?
Uma coisa é certa: mesmo que a selecção perca, não o vejo a pisar a bandeira e a renegar a pátria, como outros fizeram. Talvez até dê um sorriso em frente às câmaras. Mas eu, se isso acontecer, sou capaz de deixar escapar uma lágrima. Sentimentos!