Baixo Sabor

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Ter, 14/03/2006 - 15:58


A construção da Barragem do Baixo Sabor esteve (novamente) em discussão, desta vez na Escola Superior Agrária de Bragança.

O Núcleo de Ambiente do IPB reuniu alguns especialistas para dizer que a construção da barragem não equivale a desenvolvimento e que mais vale tirar partido da fauna e da flora do que aproveitar as potencialidades hidroeléctricas do rio Sabor.
Cabe aos técnicos decidir, mas é muito provável que, se não for construída a barragem, o Baixo Sabor continue como está e como sempre esteve. Ou seja, desconhecido, selvagem e cada vez mais desertificado.
É sabido que os ecologistas abominam a barragem, mas há exemplos bem felizes de convivência entre enormes albufeiras, natureza e turismo. Nem sequer é preciso ir muito longe, pois o Parque de Natureza do Azibo está a dois passos e nunca seria criado se não fosse construída uma barragem.
O Parque Nacional da Peneda–Gerês é outro dos exemplos bem elucidativos, quer na área de Montalegre, como na de Terras de Bouro. Barragens como a da Caniçada, Venda Nova, Pisões e Alto Rabagão são ponto de passagem obrigatório para os milhares de turistas que, anualmente, demandam aquela zona protegida. Custa até a acreditar que o INATEL tivesse criado uma unidade de Turismo Rural no lugar de Penedones (Montalagre) se a albufeira do Alto Rabagão não estivesse ali tão perto.
E que dizer dos milhares de turistas que passeiam no Douro anualmente? Não fosse o contributo das barragens e das suas eclusas e jamais determinadas embarcações turísticas poderiam deslizar pelas águas deste rio.
E já que foi de desenvolvimento sustentável que se falou no colóquio que decorreu IPB convém lembrar que os passeios ambientais que se fazem no Douro Internacional, em pleno Parque Natural das Arribas, só são possíveis graças à existência das barragens e respectivas albufeiras.
No caso do Baixo Sabor, a dimensão da albufeira criada pela hipotética barragem vai possibilitar a prática de desportos náuticos. Haja engenho e criatividade para tirar partido destas condições, pois a região precisa de animação e não de continuar no papel de reserva de plantas e aves.