Bairro da Fronteira recuperado

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Qua, 08/02/2006 - 09:43


As casas da antiga fronteira de Quintanilha, onde habitaram os ex-guardas-fiscais, vão ser recuperadas, para servirem de abrigo aos trabalhadores da empresa que vai construir a Ponte Internacional de Quintanilha.

Os imóveis, que se encontram completamente ao abandono, vão sofrer obras a vários níveis, para reunirem as condições necessárias de habitabilidade.
Os trabalhos vão ficar a cargo do empreiteiro que vai construir a ponte, que vai recuperar aquela mini-aldeia para alojar os trabalhadores durante dois anos, o prazo previsto para a construção da ligação à vizinha Espanha.
Segundo o director do Parque Natural de Montesinho (PNM), Jorge Dias, o protocolo entre o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) e o empreiteiro vai ser assinado até ao início da próxima semana.
Além de melhorar a imagem da fronteira, a recuperação das habitações permite evitar impactos ambientais e paisagísticos no PNM, que seriam inevitáveis com a colocação de contentores para alojar os operários da ponte.

Recuperação agrada a
antigos moradores

Quem viveu naquela mini-aldeia durante alguns anos recebeu a notícia com satisfação.
António Brás, guarda-fiscal reformado, olha com tristeza para o estado de degradação em que se encontram as casas onde viveu com a família durante 12 anos, pelo que considera positiva, embora tardia, o restauro do antigo bairro da ex-guarda-fiscal.
“Se tivessem arranjado uma solução mais cedo, estas casas não tinham chegado a este estado lastimável. Os edifícios têm uma boa construção e era escusado andarem, agora, a gastar mais dinheiro com estas casas”, observou António Brás.
Este ex-guarda-fiscal conta que abandonou Quintanilha há cerca de 11 anos, aquando da queda das fronteiras, e, partir daí, o vandalismo e a degradação apoderaram-se dos blocos de habitações.
“Naquela altura havia muitos espanhóis e mesmo portugueses da zona do litoral e do sul do País interessados em comprar estes imóveis para casas de férias, mas não conseguiram e ninguém lhes deu uma utilidade”, lamenta António Brás.
Em 1999, o ICN comprou os sete edifícios que compõem o bairro da fronteira, mas o arranque da recuperação foi-se arrastando, ano após ano, devido a dificuldades financeiras.

Turismo de Natureza na mira

Dentro de dois anos, quando a ponte estiver concluída, o ICN vai elaborar uma candidatura no âmbito do próximo Quadro Comunitário de Apoio, para transformar aqueles imóveis em casas de Turismo de Natureza.
“Esta é a primeira fase da obra. Posteriormente, aquelas habitações vão ser sujeitas às intervenções necessárias para servirem de alojamento a turistas que visitem o PNM”, salientou Jorge Dias.
Quanto à Ponte Internacional de Quintanilha, o governador civil de Bragança, Jorge Gomes, afirma que a obra foi consignada no passado dia 20 de Dezembro, pelo que o tempo para a execução já entrou em contagem decrescente.
Falta, agora, o empreiteiro iniciar os trabalhos na travessia que vai ligar o Nordeste Transmontano à vizinha Espanha.