Azeite transmontano não vai à mesa

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Ter, 17/01/2006 - 14:59


As marcas de azeite do Nordeste Transmontano não têm embalagens com tampa inviolável ou em doses individuais, o que impossibilita o seu consumo nos restaurantes.

De acordo com a nova lei, que entrou em vigor na passada quarta-feira, é proibido o usos dos tradicionais galheteiros nas unidades de restauração. A partir de agora, o azeite só poderá ir à mesa acondicionado em embalagens de dose individual ou em garrafas que disponham de um sistema de protecção que não permita a sua reutilização após o esgotamento do conteúdo original referenciado no rótulo.
Os empresários da restauração concordam com esta medida, que se prende com razões de higiene e segurança alimentar, mas lamentam o facto de não poderem servir azeite da região.
“ Nós temos o melhor azeite do mundo. Não se compreende porque é que as marcas de azeite da região não têm embalagens com as características daquelas que, de acordo com a nova lei, são permitidas levar à mesa nos restaurantes”, salienta António Desidério, um empresário da restauração de Bragança.

Clientes pedem azeite da região

Os clientes também já manifestaram o seu descontentamento face a esta situação, uma vez que preferem o azeite transmontano às outras marcas.
“Nos armazenistas só encontramos azeite da marca ‘Galo’ e há muitos clientes que pedem azeite da região, pelo que tenho pena de não poder satisfazer os seus pedidos”, acrescentou Fernando Silva, proprietário de outra unidade da cidade.
Os restaurantes de Bragança já estão a cumprir a lei com azeite “Galo” ou “Oliveira da Serra”, para não arcarem com multas que podem ir dos 750 aos 44 mil euros. No entanto, apelam às cooperativas e pequenas e médias empresas da região, para apostarem no embalamento em saquetas, doses individuais ou em garrafas normais com tampa inviolável.
“Penso que o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas, bem como outras entidades ligadas ao sector, deveriam apoiar os empresários da região para valorizarem o nosso produto, que é de qualidade”, sublinha António Desidério.
Numa região onde se aposta no azeite para cativar os turistas, os empresários da restauração consideram fundamental servir à mesa com rótulos transmontanos. Enquanto isso não acontece, há restaurantes que levam os pratos já temperados ao cliente e recusam-se a servir os galheteiros com marcas de azeite de outras zonas do País.
“Neste momento levo os pratos já temperados para a mesa. Se o cliente pedir mais tempero informo-o que, uma vez que o azeite da região não tem o formato exigido por lei, não o podemos servir”, concluiu António Desidério.