As “auto-estradas” romanas

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Ter, 16/05/2006 - 14:43


Afinal, o distrito de Bragança nem sempre esteve fora do mapa das auto-estradas. Nos anos 26-25 A.C., o Noroeste Peninsular foi integrado no Império Romano e havia que ligar os principais eixos urbanos, tais como Bracara Augusta e Asturica Augusta.
Ao mesmo tempo, era preciso criar estradas que permitissem transportar o minério que brotava das terras transmontanas mais a norte, bem como o vinho e azeite que se colhia nas zonas mais quentes. Foi assim que nasceu a Via Augustas XVII, uma verdadeira auto-estrada que os romanos construíram sob os mesmos critérios que regem as estradas de hoje: número de pessoas e localidades servidas, custos e importância estratégica e económica. Daí que as duas variantes que atravessam o concelho de Vinhais coincidam com os traçados da EN 103 e da EN 206.
Segundo Francisco Sande Lemos, as vias romanas dispunham de equipamentos que se assemelhavam aos dos dias de hoje. Ao longo das estradas existiam as “mansiones”, que hoje podem ser comparadas às albergarias ou motéis. As “mutationes” por seu lado, mais não eram do que estações de serviço à moda antiga, não para mudar óleo ou atestar o depósito de combustível, mas para descansar e mudar as parelhas de cavalos.
Os marcos miliários, por seu lado, indicavam as distâncias percorridas aos viajantes e a proximidade das localidades, ao passo que as pontes romanas faziam o papel das obras de arte que constituem uma via de comunicação.
E, segundo o docente da Universidade do Minho, nem sequer a manutenção era descurada. “As estradas romanas careciam de manutenção frequente, que era assegurada pelo Império Romano”, explicou Sande Lemos.