A auto-estrada

PUB.

Ter, 09/08/2005 - 16:54


Poucos dias depois deste jornal ter publicado uma peça sobre a hipótese da auto-estrada entre Vila Real e Quintanilha ser feita em regime SCUT, o JN elaborou uma peça sobre este tema.
No artigo assinado por Ermelinda Osório, o presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes, defendia o princípio do utilizador-pagador, conformando-se como a colocação de portagens na A4, mesmo que este demore mais meia década até chegar à fronteira.
Estranha posição, esta, porque desde há alguns para cá, habituamo-nos a ver Jorge Nunes reivindicar aos governantes que passam por Bragança “o pagamento da dívida histórica que o Estado português tem para com os transmontanos”. Ora, se existe uma dívida de décadas - e isso é inquestionável - o Governo estará a fazer justiça à região, se construir a auto-estrada sem portagens, nem que seja, apenas, de Vila Real a Quintanilha.
Ao criar uma SCUT, o Governo não só começará a pagar a tal dívida histórica, como coloca Bragança no mesmo patamar de competitividade em relação ao eixo do IP3 (agora A24) e da A23, entre a Guarda e Torres Novas. É que se estes corredores são feitos em quatro faixas de rodagem sem portagem, porque razão o distrito de Bragança há-de aceitar pagar para circular naquela que é uma das poucas auto-estradas que ainda falta fazer no País?
Na perspectiva de Jorge Nunes, a introdução de portagens é uma forma de assegurar a construção da A4 com um traçado totalmente novo, mantendo o IP4 como está, para servir de alternativa. Se assim for, continuaremos a circular pelo velhinho IP4, fugindo às portagens nas deslocações de Bragança para outros pontos do distrito. Sim, porque ninguém está a imaginar um empresário de camionagem a aconselhar os seus motoristas a desbaratarem dinheiro nas portagens da A4.
Para dar uma panorâmica do que pode acontecer, basta dar uma olhada na congestionada Estrada Nacional 1 e, mesmo, na EN 125, em direcção ao Algarve. As auto-estradas estão ali ao lado, mas os camiões preferem estradas sem portagem.