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“Autarquias devem financiar Carníssima”

Qua, 31/05/2006 - 14:33


Após vários anos a braços com uma dívida a rondar um milhão de euros, o NERBA começa, agora, a reunir as condições necessárias para aumentar o leque de serviços, tanto aos seus associados, como aos empresários da região.

O presidente da Associação Empresarial, Rui Vaz, garante que, neste momento, a situação financeira do NERBA já se encontra estável, o que lhe permite tornar-se numa instituição mais dinâmica no sector empresarial da região.
Em entrevista ao Jornal NORDESTE, Rui Vaz faz o balanço de cerca de um ano à frente do NERBA, nomeadamente dos projectos levados a cabo e dos obstáculos encontrados para desenvolver as actividades.

Jornal Nordeste (JN) - Quando tomou posse, em Junho do ano passado, disse que o passivo herdado há oito anos penalizava o trabalho do NERBA. Neste momento, qual é a situação financeira da Associação Empresarial?

Rui Vaz (RV) - É um facto que há oito anos, ou melhor há nove, porque já passou um ano, a situação não era nada agradável. É obvio que muita coisa se foi fazendo, ao longo destes anos, para alterar a situação financeira em que o NERBA se encontrava. Aquilo que, na altura, era um passivo na ordem de um milhão de euros, há um ano atrás rondava os 350 mil euros e, neste momento, situa-se nos 325 mil euros, o que quer dizer que a situação tem vindo a evoluir positivamente e que estamos no bom caminho.

JN - Quais foram os métodos utilizados para diminuir o passivo?

RV- Para além de uma gestão corrente, corrente e de grande rigor, aquilo que fez com que houvesse um grande abatimento no passivo do NERBA foi a alienação do espaço contíguo ao pavilhão. Foi iniciado com uma obra destinada a uma escola de hotelaria, mas acabou por causar graves problemas financeiros ao NERBA, entre eles uma dívida com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), com o qual negociámos (ainda no tempo do meu antecessor) no sentido de liquidar essa dívida. Mas, já que o valor da obra ultrapassava o valor da dívida ao IEFP outro dos objectivos foi pagar ao empreiteiro que fez a obra e liquidar outras dívidas que existiam, na altura, no NERBA. Passados nove anos, as coisas alteraram-se significativamente e, neste último ano em particular, posso dizer que aquilo a que nos propusemos está a ir no bom sentido e é uma das nossas prioridades. Tenho a certeza que, depois de estar ultrapassado o problema financeiro, o NERBA vai reunir ainda melhores condições para prestar os seus serviços, não só aos seus associados, como aos empresários de todo o distrito.

JN - De que tipo de serviços é que estamos a falar?

RV - Estamos a falar de todo o tipo de serviços, desde a consultoria às empresas a vários níveis, formação profissional, disponibilidade de instalações e acompanhamento nas empresas em várias áreas. Nós temos um conjunto vasto de serviços que prestamos aos associados, onde também se destacam os diversos projectos comunitários que foram levados a cabo ao longo dos anos. Neste momento, estamos em vias de assinar um protocolo com o IAPMEI num novo programa que se chama FINICIA. Nos três eixos que o programa tem, o NERBA irá ficar ligado a dois. É um projecto em que as Câmaras Municipais serão promotoras na ajuda à criação de novas pequenas e micro-empresas e, noutro eixo, está direccionado para os estudantes que terminam a sua vida académica e têm a intenção de se lançarem no mundo empresarial. Daí, juntamente com o Instituto Politécnico de Bragança e com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, vamos apoiar o lançamento dessas novas micro-empresas.

JN- As vantagens deste novo programa de apoio prendem-se com a instalação de novas empresas na região…

RV - Se nós passamos a vida a incentivar o empreendedorismo e a captação de novas empresas, sobretudo em novas áreas de investimento como a inovação e as novas tecnologias, vamos ter que apoiar o início e o lançamento dessas empresas. Este programa ajuda a que instituições como o NERBA tenham por trás entidades com capital de risco que possam ajudar a que essas empresas se lancem no mercado empresarial.

JN- Recentemente também foram realizadas obras na zona envolvente ao pavilhão. Em que é que consistiram os trabalhos?

RV - Estes trabalhos têm dado alguma confusão, porque não foi o NERBA que efectuou aquelas obras directamente. Os arranjos da zona envolvente já vêm de contactos entre a nossa instituição e a Câmara Municipal de Bragança, uma vez que são levadas a cabo uma série de iniciativas no pavilhão, ao longo do ano, muitas delas promovidas pela autarquia e, por isso, entendeu-se que seria de bom tom dar outra dignidade ao espaço envolvente. A autarquia empenhou-se na elaboração e na candidatura de um projecto que visava melhorar aquela infra-estrutura que, no fundo, é um espaço público. Também estamos empenhados em avançar com um projecto, juntamente com a Câmara Municipal, para a reconversão do pavilhão que, neste momento, não reúne grandes condições estruturais para ser polivalente, nomeadamente na área do desporto.

JN - Relativamente aos eventos, porque é que a Carníssima, prevista para Outubro do ano passado, ainda não se realizou?

RV - No nosso plano de actividades para 2006 tínhamos, à partida, quatro certames para organizar e um quinto em parceria com a Câmara Municipal de Bragança. Estamos a falar de duas edições da Feira dos Stocks (uma que já decorreu e outra que irá realizar-se em Setembro), a Motor Show que também já aconteceu e a Feira da Caça, que decorreu em parceria com a autarquia. A Carníssima é uma feira que se reveste de características muito particulares, nomeadamente no que diz respeito à promoção das raças autóctones, não só do nosso distrito como de fora, inclusive da vizinha Espanha. Esta é uma Feira que, pelas suas características, não se auto-financia, dependendo de financiamento exterior. Para o NERBA não tem sido fácil conseguir esse apoio. Já tentámos junto de instituições bancárias, pondo-lhes à disposição o nosso espaço para se auto-promoverem, mas não tivemos grande receptividade. É uma situação lamentável, porque estamos a falar de um evento de grande importância para a região. A Carníssima só não avançou por uma razão: o lema desta direcção parte por não fazermos nada no NERBA se não tivermos garantias financeiras, porque já no passado se cometeram alguns desaires com alguns eventos e nós não queremos ir por aí. Estamos a fazer tudo O que está ao nosso alcance para realizar esta Feira em Outubro deste ano. Trata-se de um evento que ronda os 45 mil euros, um valor que gostaríamos de ver participado pelas Câmaras Municipais. Por isso, vamos lançar um desafio às doze autarquias da região para apoiarem esta feira sectorial.

JN- Sendo o NERBA o representante das empresas da região, não poderia organizar uma feira distrital?

RV - Fui o primeiro a lançar publicamente o repto, quando era presidente da Associação Comercial de Macedo e organizador da Feira de S.Pedro, para que Bragança enveredasse por esse caminho, mantendo-se, com alguns ajustamentos, as feiras tradicionais de cada concelho. As feiras organizadas pelo NERBA já são de âmbito distrital, mas a ideia era congregar esforços para levar a cabo um certame anual ou bianual do género da Feira de Santarém, que seria a Feira da Região de Trás-os-Montes que, posteriormente, poderia ser alargada ao Alto Douro. Inicialmente estaria ligada à agricultura, à pecuária, à agro-industria e depois poderia ser alargada a outros vectores económicos, no sentido de impulsionar a economia do distrito. Para isso deviam-se unir todas as autarquias do distrito. Sei que é difícil por causa da guerra de capelas e, enquanto isto acontecer, não vamos a lado nenhum. Mas se esta ideia se concretizasse, tenho a certeza que a região só tinha a ganhar.

JN - Quando foi criada a Associação Empresarial falou-se que deveria ser uma estrutura representativa de todas as Associações Comerciais do distrito. No entanto, verifica-se algum distanciamento…

RV- O NERBA nunca se assumiu como uma estrutura de cúpula em relação às associações comerciais do distrito. Aquilo que o NERBA representa são os empresários da região, até porque aparece ligado à Associação Industrial Portuguesa. Esse estatuto ainda é mantido, mas atendendo à estrutura do NERBA, não só em termos físicos, como de recursos humanos, reúne todas as condições para ser uma entidade que, não se afigurando como uma estrutura acima das associações, está direccionada e vocacionada para o apoio às associações do distrito, podendo aglutinar e congregar acções conjuntas. Ou seja, formar um “lobby” de pressão sectorial para com o Governo, nomeadamente em reivindicações para sectores de actividade do distrito de Bragança. Importa salientar, ainda, que o NERBA teve uma grande importância no associativismo na região, quando foi para o terreno criar associações comerciais onde elas não existiam e reactivou outras que se encontravam inactivas. A partir daí já se realizaram actividades em conjunto, nomeadamente no âmbito dos programas RIME e SIPIE.

JN - Quantos sócios é que o NERBA tem neste momento?

RV -Temos cerca de 300 associados. Gostaríamos que fossem mais, mas acho que, quando a situação financeira estiver resolvida, vamos voltar ainda mais a instituição para o exterior e aumentar o número de sócios. Além da situação financeira também estamos a trabalhar na legalização de algum património para nos ajudar a delinear uma engenharia financeira para o futuro, nomeadamente junto da banca.

JN - O intercâmbio entre empresários portugueses e brasileiros foi uma acção recente promovida pelo NERBA. Qual é o balanço que faz da visita ao Brasil?

RV- Ainda com a direcção anterior, o NERBA tinha feito uma missão à República Checa que deu resultados positivos, mas esta visita ao Brasil foi extraordinária. Quando chegámos disse que não iria tecer grandes comentários à missão porque acho que devem ser os próprios empresários a fazê-lo. No entanto, nesta iniciativa o NERBA foi o interlocutor dos empresários, depois de desafiado pelos próprios. Também importa salientar que foram as entidades envolvidas na missão que pagaram as despesas, pelo que haveria que tirar dividendos da visita. Quando lá chegámos fomos recebidos na Associação Comercial de S. Paulo por 70 empresários, onde estavam representados os sectores de actividade correspondentes àqueles que nós levámos para poder haver o intercâmbio empresarial. Também levamos os produtos característicos da nossa região que tiveram uma grande receptividade.

JN - Depois desta missão o que é que pode mudar no panorama empresarial do distrito de Bragança?

RV - Os canais ficaram abertos para estabelecer relações comerciais com o Brasil. Vão ser assinados três protocolos, um com a Associação Comercial e Industrial de S. Paulo, com a Federação Industrial e Empresarial de S. Paulo e com a Câmara do Comércio Português em S. Paulo, no sentido de criarmos uma maior proximidade entre os empresários do distrito de Bragança e os empresários brasileiros, com vista ao estreitamento de relações comerciais.
Em 2007 os empresários de S. Paulo vão visitar Bragança e penso que temos aqui matérias para podermos aliciar os empresários brasileiros a investir cá, nomeadamente no turismo, agro- indústria e fumeiro.