Autarcas à defesa

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Ter, 31/01/2006 - 16:42


Uma semana depois do presidente da Câmara Municipal de Mirandela, José Silvano, ter colocado os célebres painéis com o mote “Aqui termina Portugal”, os autarcas unem-se na defesa dos serviços agrários em Trás-os-Montes e Alto Douro.

Temendo a fusão da Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho com a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, os representantes dos municípios voltam à carga, em mais uma atitude defensiva.
Ao que parece, após os “anos de ouro” dos governos do PSD de Durão Barroso, em que o distrito assistiu, impávido e sereno, à saída de serviços nas mais diversas áreas, os autarcas decidiram antecipar-se aos acontecimentos, para evitar o regresso da sangria.
A região só tem ganhar com este tipo de posições dos responsáveis autárquicos, mesmo que algumas pareçam ou sejam, mesmo, incoerentes.
É que tão acérrima defesa dos interesses da região não se fez notar quando as emissões regionais da RTP partiram para nunca mais voltar e quando o Centro Emissor Regional (CER) da estação pública conheceu o maior esvaziamento de sempre. Neste caso, a excepção foi o edil de Bragança, Jorge Nunes, o único do distrito que se associou a uma manifestação a favor da manutenção do CER.
E que dizer da extinção da delegação de Bragança da Inspecção-Geral das Actividades Económicas, noticiada em Setembro de 2003 por este jornal, quase três meses antes do seu efectivo encerramento? E que posição (de força, note-se) tomaram os autarcas quando a delegação de Bragança dos Assuntos Consulares chegou ao fim, pouco depois de ter voado a Direcção Comercial de Trás-os-Montes e Alto Douro dos CTT, ambas pela mão de Durão Barroso?
Todos estes esvaziamentos foram amplamente noticiados pelos órgãos de comunicação regionais, ainda que tivessem encontrado pouco eco da parte do poder autárquico.
Espera-se que tão súbita mudança de atitude não esteja relacionada com questões de ordem política. Se assim não for, os doze autarcas ficam muito bem cotados.