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Argozelo: uma força da Natureza

Ter, 16/01/2007 - 11:47


Argozelo reúne todas as peças do puzzle para singrar no desporto. O mosaico mais expressivo é, sem sobra de dúvidas, a quantidade de jovens residentes e naturais da vila.

Os números são altos, mas a paixão pela bola é, ainda, maior. E com tamanhos recursos humanos, o Centro Cultural Desportivo Minas de Argozelo pensa, já, numa escola de formação.

O Centro Cultural Desportivo Minas de Argozelo (CCDMA) é um habitué do Campeonato Distrital de Futebol de Bragança, pois compete há 32 anos nos saibros do Nordeste Transmontano.
António Forneiro lidera o futebol argozelense, acumulando os cargos de treinador e presidente da colectividade. O destino quis este homem à frente destas duas pastas, pois o antigo treinador demitiu-se ainda no início da época, obrigando o dirigente a assumir as rédeas do clube. No geral, é uma pessoa profundamente conhecedora da realidade desportiva, financeira e cultural, até porque, com apenas 31 anos, já foi atleta durante sete anos e treinador durante cinco.
O clube foi fundado em 1975 e, a partir daí, nunca mais largou os ordeiros domingos da aldeia e vila de Argozelo. No seu percurso desportivo, a colectividade teve, nos tempos de miúdo de António Forneiro, um segundo lugar e uma final da Taça da Associação, contra o Macedo. Por outro lado, no século XXI destacam-se as subidas da II.ª para a I.ª Divisão Distrital, já com a rubrica do actual treinador.
António Forneiro tem como principal incumbência angariar fundos para a Associação e, subsequentemente, para os jogadores, pois “a direcção nunca faltou ao compromisso com os jogadores, pagando a tempo e horas os ordenados de 100 euros a cada atleta”, declara. Saliente-se que o orçamento advém, quase por inteiro, da Câmara Municipal de Vimioso e da Junta de Freguesia de Argozelo, na qual o “presidente, Luís Rodrigues, tem apoiado incansavelmente o clube”, destaca o dirigente. Mas, fatias como as quotas dos 300 sócios, 38 patrocínios e alguns sorteios, também contribuem, decisivamente, para a segurança financeira. Neste momento, o clube tem tudo em dia, baseado num duro e justo contrato pedagógico entre jogadores e direcção, o que orgulha o versátil António Forneiro.
Escola de formação futebolística está no dicionário do presidente / treinador
Em termos de recursos humanos, este grémio tem vinte atletas, dez dirigentes e um massagista. Não existem escalões de formação. No entanto, o dirigente confessa a sua meditação, diária, sobre os escalões jovens, que pode ser uma realidade a curto prazo. Neste capítulo, o presidente / treinador conta que “em Argozelo existem muitos miúdos e é pena não terem formação futebolística”. Por isso, a Associação quer formar uma escola somente de formação, não para entrar em campeonatos, mas sim para ensinar. Por conseguinte, o corpo directivo do CCDMA já deu alguns passos para ter apoios de outros clubes, nomeadamente do Guimarães e Vizela. O pré-acordo com estes reputados clubes pode ser uma certeza, pois falta, apenas uma resposta final dos minhotos. “Contudo, se o projecto falhar, iniciados e juvenis podem ser vistos pelos respectivos campeonatos distritais”, assegura o líder do clube.
A base da equipa do CCDMA é genuinamente da terra, pois essa é a política do clube: dar oportunidades aos jovens da terra, diverti-los e criar responsabilidade no emblema que defendem. De resto, o presidente só tem pena que o craque Kita, actualmente ao serviço do Sendim, não esteja na equipa. “É um argozelense que sente ao máximo o espírito deste clube e para o ano queremo-lo de volta, pelo que fez, que faz e que fará pela nossa vila”, confidencia.
O balneário do clube é vivo e amigo, fruto de uma aposta pessoal de António Forneiro. “Quero um ambiente saudável e, quando alguém criar o mínimo problema, será, imediatamente, posto na rua”, avisa o responsável, acrescentando que tolera maus resultados e más exibições, mas não “faltas de respeito e desuniões de grupo”. Assim sendo, prata da casa, vertente pedagógica e balneário são a filosofia deste centro cultural e desportivo, que perspectivam o futuro com a imensa juventude da terra.

Futebol é o anseio de toda uma comunidade profundamente ligada ao mundo da bola
“Sem o futebol, a vila de Argozelo morre”, sintetiza o dirigente. O futebol é um pulmão da terra, que respira alegria pelos domingos. Todas as pessoas da vila têm um pouco de si no campo das minas, nos jogadores, por isso, mais que um mero desporto, o futebol é uma tradição, que o clube conserva com unhas e dentes. Regra geral, um argozelense passa sempre pelo clube, adquirindo direitos e deveres, ganhando, com isso, responsabilidade e crescimento moral e cívico.
No que concerne à arbitragem do Distrital, o Argozelo sempre teve fama de mau e “do fazem e acontecem”, o que poderia condicionar o trabalho normal dos juízes, mas esta colectividade “não tem nada disso, e os próprios árbitros sabem disso”, declara o técnico, aditando, ainda, que arbitragem tem sido muito correcta. Aliás, “há árbitros que estão bem cotados, pelo menos para o Argozelo, nomeadamente o Henrique, que tem tudo para subir de escalão”, considera o responsável.
Quanto ao adversário mais forte do Distrital, o presidente destaca o Mãe D’ Água e o Rebordelo. “Ambos têm formações bastante coesas e no caso do Mãe D’ Água está muito bem orientado, pelo Marcelo e o Genésio”, reconhece Forneiro. “Para mim, - acrescenta - o candidato à subida é só o Mãe D’ Água e creio que o Rebordelo pode conquistar o 2.º lugar”.
As ambições desportivas dos argozelenses passam por jogar jogo a jogo, tentando dar o melhor, sabendo à priori que o seu campeonato não contempla os primeiros lugares. Deste modo uma boa classificação passa pelo 6.º ou 7.º lugar.
A médio prazo, o CCDMA quer criar boas infra-estruturas desportivas e solidificar investimentos de base. Só assim será possível concretizar o grande sonho de António Forneiro, que é a subida ao Nacional. No entanto, para o ano querem andar pelos primeiros lugares, retomando um velho hábito deste clube trintão, mas sem dar um passo maior que a perna.
No geral, os resultados não têm aparecido, mas a confiança do povo argozelense na sua equipa é total. Nos jogos fora deslocam-se cerca de trinta aficionados, ao passo que, em casa, o mítico Campo das Minas é coberto com mais de 200 apaixonados.