Amor à prova de fogo

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Ter, 31/10/2006 - 14:59


Conheceram-se no quartel do Bombeiros Voluntários de Bragança (BVB) e foi no carro mais antigo da corporação que se deslocaram depois de darem o nó no santuário de Santa Ana, em Meixedo, concelho de Bragança.

Tudo aconteceu no passado sábado, dia em que o sol quis espreitar uma história de amor que nasceu entre as fardas e a disciplina do quartel.
Ele, Carlos Martins, é filho e irmão de bombeiros e não hesitou em casar com a farda dos soldados da paz. Ela, Sofia Gonçalves, ingressou na corporação para exercer enfermagem em prol dos outros.
Foi assim que se conheceram há três anos, quando a noiva entrou para a escola de aspirantes dos BVB. Daí ao namoro foi um passo, até porque Sofia Gonçalves despertou, de imediato, a atenção do bombeiro. “Houve logo uma empatia e interesse de ambas as partes”, confessou Carlos Martins.
No início optaram por manter a relação secreta, com receio de comentários menos favoráveis, uma vez que ela era formanda e ele instrutor. Passados cerca de cinco meses, decidem assumir a relação perante a corporação, já que “ali são todos nossos amigos”, sublinhou o noivo.

Noivos foram transportados no carro mais antigo da corporação e ao som da Fanfarra dos Bombeiros

Dois anos depois, em Dezembro de 2005, Carlos Martins aproveita o jantar de consoada para pedir Sofia Gonçalves em casamento, perante as famílias de ambos.
A cerimónia só foi marcada para Outubro do ano seguinte, uma vez que prevaleceu o espírito de missão do casal. “No Verão seria impossível, devido aos incêndios”, garantiu o bombeiro.
Com o sol a “abençoar o casamento”, Sofia Gonçalves classificou o dia 28 de Outubro de 2006 como “um sonho indescritível e um verdadeiro conto de fadas que superou todas as expectativas”.
Já com a aliança a brilhar nos dedos, o casal seguiu ao som da Fanfarra dos BVB, a bordo do mais antigo carro daquela associação humanitária. “Foi um casamento apadrinhado por todos os elementos que viram este amor crescer”, sublinhou o comandante da corporação, José Fernandes.

Carlos Martins sonhava com os soldados da paz desde criança, mas esperou até ao 18 anos para ingressar nos BVB

Oriundo duma família de bombeiros, Carlos Martins só ingressou nos BVB aos 18 anos, para respeitar o desejo da mãe. “Já sofria enquanto esposa e receava, também, pelos filhos”, salientou o responsável.

A espera foi longa, porque ser soldado da paz era um sonho que acalentava desde criança, quando os carros e fardas de combate já o fascinavam. A par dos equipamentos das operações de socorro, o desejo de auxiliar e ser útil também pesaram na decisão. “O que mais me atrai é o espírito de ajuda que se vive”, assevera o noivo.
Agora que deu o nó, o operacional já pensa em filhos e não esconde que gostaria de deixar descendência nos BVB, tal como o pai, o tio e o avô.
Também Sofia Gonçalves refere que não tem receio que a sua futura família venha a seguir esta profissão. “Se for a vontade deles, temos que a respeitar”, garante.
Casados ou solteiros rotina é coisa que não faz parte do quotidiano do casal. “Nunca sabemos se vamos ter tempo para comer ou dormir”, admite Carlos Martins.