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Alterne leva oito a tribunal

Ter, 07/03/2006 - 15:54


Começou na passada quarta-feira, no quartel dos Bombeiros Voluntários de Carrazeda de Ansiães, o julgamento de sete homens e uma mulher acusados de lenocínio, sequestro, tráfico de pessoas e apoio à imigração ilegal, no âmbito de um processo que abrangeu duas casas de alterne.

A sessão contou com um forte dispositivo de segurança da GNR, armados de metralhadoras, que controlou todos os acessos ao salão nobre dos soldados da paz.
Os factos remontam a 26 de Janeiro de 2004, quando o Departamento de Investigação Criminal da Guarda da PJ procedeu a buscas em simultâneo nas localidades de Meda, (Guarda), e Carrazeda de Ansiães, detendo, na altura, cinco homens e duas mulheres. Durante a fase de inquérito foram constituídos arguidos mais dois homens, ao passo que uma das mulheres não foi acusada.
Destes, Ilídio Alberto Seixas e Armindo José Alves, tidos como responsáveis directos pela gestão das casas “Paiola” (Meda), e “Estrela de Fogo” (Carrazeda de Ansiães), encontram-se detidos desde essa data, ao passo que os restantes arguidos se encontram em liberdade.

Estrangeiras temiam represálias

Na quarta-feira, a escassos mil metros do local do julgamento, jovens brasileiras apareciam à janela da Estrela de Fogo, sinal de que esta se encontra a funcionar.
Nas buscas aos estabelecimentos e às residências dos detidos, a PJ apreendeu bilhetes de avião e impressos de transferências bancárias, para custear a deslocação das mulheres vindas do Brasil, com destino a Portugal com passagem por Madrid. As mulheres angariadas, eram, depois, ‘propriedade’ do grupo, até à liquidação das importâncias com a sua deslocação, valores sempre inflacionados, de forma a impedir a libertação das mulheres que viam a sua auto-determinação completamente coarctada”, lê-se no comunicado da PJ.
Ainda segundo o comunicado da PJ, foram inquiridas dezenas de mulheres estrangeiras, tendo várias delas referido, em declarações para memória futura, que se encontravam privadas da sua liberdade, vivendo em situação sub-humana sujeitando-se aos indivíduos por temerem represálias, que frequentemente lhes eram aplicadas.

Tribunal nos bombeiros

O julgamento está a decorrer nos bombeiros por falta de espaço para albergar as mais de setenta testemunhas, oito arguidos, sete advogados, o colectivo de juízes e os funcionários judiciais. Estão marcadas, para já, sete sessões até ao dia 27 de Março. No arranque, cinco arguidos disseram ao tribunal que vão prestar declarações, ao passo que três se remeteram ao silêncio.
Os oito arguidos, com idades entre os 18 e os 40 anos, naturais de Cachão (Mirandela), Vila Flor, Mogadouro, Vila Nova de Foz Côa e Meda, são: Ilídio Alberto Seixas, Armindo José Alves (pai), Natividade do Carmo Figueiredo, Wilson Ruben Bento Alves (filho), António José Meireles, João Paulo Cardoso Bernardo, Carlos Manuel Azevedo Correia e António Alberto Passeira Piçarra.

Luís C. Ribeiro