Águas da Nogueira encravadas

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Ter, 21/03/2006 - 14:48


O aproveitamento da Serra da Nogueira para a criação duma unidade de engarrafamento de águas está dependente da decisão do tribunal.

É que a venda duma parcela significativa de terrenos baldios à empresa que se comprometeu a explorar as águas naquela zona da serra, pertencente ao concelho de Bragança, originou um processo judicial que se arrasta há cerca de oito anos.
Recorde-se que, em 1999, a Junta de Freguesia de Carrazedo vendeu 10 hectares de carvalhal por 2.625 euros, um negócio que mereceu o protesto de alguns populares e de entidades que reivindicavam a propriedade daqueles terrenos.
Acresce que as parcelas transaccionadas eram baldios, o que levou a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM) a reivindicar, através da via judicial, a propriedade do baldio.
Depois da separação dos serviços Florestais da DRATM, cabe à Circunscrição Florestal do Norte tomar a dianteira deste processo, para reaver o património público vendido a privados.
Segundo a directora do Núcleo Florestal do Nordeste, Graça Barreira, foi vendida uma área considerável de terrenos baldios, onde estavam edificados uma casa florestal e uma corriça, propriedade da Direcção Geral do Património.

Engarrafamento de água
adiado há oito anos

Ao que foi possível apurar, só é possível transaccionar baldios em situações pontuais e, neste caso, a DRATM não concordou com os argumentos apresentados pela autarquia local para a venda daqueles terrenos na Serra da Nogueira.
Na altura da venda, o presidente da Junta de Freguesia de Carrazedo, Nuno Pousa, justificou este negócio com as contrapartidas que isso iria trazer para a população e para o concelho de Bragança.
O empresário do distrito que comprou aqueles terrenos comprometeu-se a instalar uma unidade de captação e engarrafamento de água entre a zona de Taboado e Castelinho, só que, sem o desfecho do processo judicial à vista, o projecto encontra-se paralisado há cerca de oito anos.
No local ainda se encontram alguns pavilhões, que foram construídos por uma outra empresa que, há vários anos atrás, tentou explorar a água da Serra da Nogueira. Contudo, os prejuízos causados pelo mau tempo levaram esta entidade privada a abrir falência e a abandonar o projecto.
Face a esta situação de impasse, o presidente da Câmara Municipal de Bragança, Jorge Nunes, mostra-se inconformado. “É uma pena que um recurso natural tão valioso como a água esteja desaproveitado há tanto tempo”.
Na óptica do edil, trata-se de um potencial importante para o distrito, que pode ser explorado, com vista ao desenvolvimento da região e à criação de postos de trabalho.
O Jornal NORDESTE contactou o empresário em causa e o presidente da Junta de Freguesia de Carrazedo, que remeteram as declarações para mais tarde.