Qua, 08/02/2006 - 10:09
Recorde-se que, em grande parte das localidades, a água é fornecida gratuitamente, pelo que esta medida visa introduzir mecanismos de controlo para um uso mais eficiente e disciplinado da água. Segundo alguns estudos realizados, as taxas de consumo de água em determinadas áreas rurais do concelho superam, e muito, as reais necessidades das populações.
O presidente da Junta de Freguesia de Salsas (JFS), Filipe Caldas, justifica a situação com o facto de “algumas pessoas regarem as culturas com água tratada de rede”.
Para que situações como esta deixem de acontecer, a CMB decidiu criar um sistema de controlo que “obrigue” as populações a adquirir hábitos de poupança muito diferentes daqueles que se têm verificado até aqui.
No entanto, para que tais medidas possam ser implementadas, é necessário efectuar obras de renovação nas redes públicas de abastecimento e, num largo número de localidades, criar todo o sistema de fornecimento de água de raiz.
Estudo revela
exagerados desperdícios
Conforme as avaliações realizadas no âmbito de um estudo desenvolvido pela autarquia, os consumos médios mensais nas aldeias aumentaram de 2004 para 2005 e, quando comparados aos gastos da população da cidade, verifica-se que são superiores em 355 e 392 por cento, respectivamente.
Tendo em conta que estes valores não correspondem ao habitual consumo doméstico é fácil concluir que, nas localidades rurais, existem desperdícios ou usos desajustados de água.
Quanto à tarifa a praticar nos meios rurais, o seu valor apenas será definido após uma avaliação dos custos relativos à gestão e manutenção das redes já instaladas e das que ainda estão por executar.
O sistema de pagamento de água nas aldeias será implementado, segundo o vice-presidente da CMB, Rui Caseiro, “progressivamente e ao longo de um ano”, sendo iniciado nas localidades onde os meios de medição já estiverem colocados.
Contadores previnem seca
Na óptica da presidente da Junta de Freguesia de Gostei, Carolina Fernandes, a tarifação do consumo de água vai levar a uma melhor distribuição da água. “Com o actual sistema há pessoas que gastam muito e outras que nem para as suas necessidades quotidianas têm água”, destacou a responsável.
Já na opinião do presidente da Junta de Freguesia de Donai, Luís Martins, a água deve ser paga de forma a dissuadir as pessoas a gastarem e a desperdiçarem aquilo que é de todos. “Se todos os bens essenciais são pagos, porque é que a água também não é?”, questionou o responsável.
Este processo pretende, também, evitar que situações de seca, como as do ano passado, se voltem a registar. “Desde que instalámos os contadores na aldeia, há cerca de 15 anos, acabaram os problemas da seca”, sublinhou Filipe Caldas.
Relativamente às tarifas a aplicar nas aldeias, o presidente da JFS defende que deveriam ser inferiores às que são praticadas na cidade. Isto, porque “a qualidade de vida e os rendimentos das pessoas das aldeias são mais baixos do que na cidade”, salientou o autarca.