Agricultores contestam a barragem do Tua

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Ter, 31/10/2006 - 14:58


Dirigentes ecologistas e o presidente da Câmara Municipal de Murça, João Teixeira, reuniram-se, no passado sábado, para discutir os prejuízos que a construção da barragem do Tua irá causar na região.

A aguardar o estudo de impacto ambiental, já é sabido que a criação daquela infra-estrutura da EDP vai submergir grande parte dos terrenos de cultivo da aldeia de Sobreira, concelho de Murça.
Esta consequência, segundo Pedro Couteiro, dirigente ecologista, é mais que previsível, uma vez que “as barragens têm impactos sociais dramáticos”. Em causa estão, além dos hectares perdidos, “valores ecológicos e de gerações”, esclareceu o responsável.
A população de Sobreira, envelhecida e que se dedica, maioritariamente, à agricultura, manifesta-se contra a construção daquele equipamento, uma vez que vão perder terrenos que “vêm dos seus antepassados”, segundo relatos de alguns populares.
Além dos prejuízos para os proprietários, os habitantes mostram-se preocupados com as pessoas que vivem à custa de “jeiras” pois, não havendo terrenos para cultivo, não podem trabalhar por conta de outrem. Apesar de serem recompensados financeiramente, os lesados apontam o dedo à albufeira na localidade, uma vez que irão perder parcelas que perduraram durante gerações. “Esperamos que as pessoas prejudicadas sejam remuneradas, mas isso não retira o valor dos recursos naturais e do património”, recorda o ecologista.
Pedro Couteiro tece, ainda, críticas aos autarcas que “permitem a construção destas infra-estruturas, em vez de defenderem os interesses dos seus munícipes”. E conclui “em Trás-os-Montes temos demasiadas barragens e poucos rios. Com isso, perdemos imensos recursos”.