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231 aldeias perdem escola

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Ter, 12/09/2006 - 16:17


São 8:25 horas, Flávio Martins aguarda a chegada do autocarro, na paragem da aldeia de Sortes, concelho de Bragança, para ir às aulas a Rossas.

Apesar de, no ano passado, ser o único aluno a frequentar a escola de Sortes, Flávio preferia terminar o 1º Ciclo no mesmo estabelecimento de ensino, para continuar perto da família.
Já Filipa Pires, uma menina de 6 anos que foi ontem à escola, pela primeira vez, diz que está contente por ir para a escola de Rossas. “Eu já andei lá no infantário e tenho lá os meus amigos”, realça Filipa.
Mas os pais têm uma posição diferente, alegando que a escola de Sortes podia receber os alunos das duas aldeias vizinhas (Viduedo e Lanção), evitando grandes deslocações.
“As crianças saem de cá de manhã e, no Inverno, chegam de noite. Além disso, a aldeia vai perder muita vitalidade com a ausência das crianças”, realçou João Martins, pai do Flávio.
Zulmira Pires confessa que também gostava que a filha frequentasse a escola em Sortes, uma vez que estava mais perto da família. “Se acontecer alguma coisa não tenho meios para ir lá ver o que passa”, lamenta a mãe da Filipa.

Escolas mudam de função

Esta situação repete-se na maioria das aldeias do distrito de Bragança. Após o encerramento de 231 escolas do Mundo Rural, as crianças têm que percorrer uma média de 15 quilómetros para irem às aulas nas localidades vizinhas.
A falta de alunos levou o Ministério da Educação a encerrar as escolas com menos de 10 alunos, transferindo-os para os estabelecimentos de ensino mais próximos.
No entanto, a maioria das escolas de acolhimento ainda carecem de obras de beneficiação. “ Já realizámos melhoramentos nalgumas escolas e, durante a próxima semana, vamos iniciar trabalhos no Zoio e em Rossas”, acrescentou o presidente da Câmara Municipal de Bragança (CMB), Jorge Nunes.
Já a construção dos centros escolares, que irão albergar os alunos nos próximos anos, só deverá avançar após a aprovação das candidaturas que a CMB irá apresentar ao Quadro de Referência Estratégico Nacional.
Este ano, as autarquias foram obrigadas a garantir o transporte e a improvisar cantinas nalgumas escolas, para que o ano lectivo pudesse ter início na data marcada.
No distrito de Bragança, o concelho de Mirandela foi aquele que, este ano, viu um maior número de escolas encerradas (40), seguindo-se os concelhos de Macedo de Cavaleiros, que perdeu 36 estabelecimentos de ensino, e Bragança, que vê desaparecer 32 escolas.
Quanto ao futuro dos estabelecimentos de ensino encerrados, as autarquias garantem que servirão de sede para Juntas de Freguesia, associações locais, bem como unidades turísticas.