200 famílias afectadas pela enxurrada

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Ter, 19/09/2006 - 15:05


Uma semana depois, a vila de Freixo de Espada à Cinta ainda recupera da enxurrada. Ninguém se mostra capaz de avançar números concretos, mas estima-se que os prejuízos atinjam vários milhões de euros e que o número de famílias atingidas ronde as 180.

Para já, o Gabinete de Crise da autarquia local recebeu cerca de 200 participações relativas a danos. Este organismo, apesar de ter encerrado oficialmente na passada quarta-feira, vai continuar a receber as participações dos munícipes por mais uma semana, já que número de pessoas atingidas tem vindo a aumentar.
Na passada sexta-feira, ainda eram visíveis as marcas da intempérie roupa a secar, móveis, carros, casas e electrodomésticos estragados, num cenário que a população não esquecerá tão cedo. Até porque a maioria não tem seguros que cubram esta situação.
“As limpezas ainda se vão prolongar por mais duas semanas. As solicitações são muitas e não temos mãos a medir. As pessoas têm de ter paciência”, diz Nuno Almeida, comandante dos Bombeiros Voluntários de Freixo de Espada à Cinta.
António Alegre, proprietário de uma casa manuelina na zona da Fonte Seca, umas das mais afectadas pela enxurrada, aponta o dedo à Câmara, uma vez que, argumenta, “o assoreamento de um ribeiro, que corre na parte baixa da vila, não foi a melhor opção. A intervenção tem de ser revista, caso contrário o problema pode repetir-se".

600 mil para muros

Muitos são os que quiseram contar a sua história ao Jornal NORDESTE. “Na minha garagem estava um carro novo que me custou cerca 35 mil euros e ficou sem concerto. Tudo o que tinha na despensa foi por água abaixo e, ainda a roupa de Inverno e móveis. Foi desolador”, afirmava, emocionado, Afonso Corvo, contabilizando os prejuízos em mais de 60 mil euros.
Segundo o vice-presidente da Câmara Municipal de Freixo, Pedro Sá Mora, disse que, a cada dia que passa, são mais visíveis os prejuízos. A agricultura também sofreu, com os muros que delimitam as propriedades arrancados, os pontões destruídos, caminhos que têm de ser desimpedidos e muitas culturas perdidas. “Para se ter um ideia do prejuízos, só na recuperação de muros prevemos gastar cerca de 600 mil euros”, sublinha o autarca.
Os danos psicológicos também são elevados. E os técnicos da Segurança Social vão permanecer no terreno até ao final da próxima semana.