Ter, 13/06/2006 - 16:10
Aos 50 anos e em fase de convalescença, este homem, que vivia na aldeia de Soutelo, concelho de Bragança, procurou os cuidados desta instituição porque não tinha família para o ajudar a recuperar da operação.
Encarando a SCMB como uma família, Mário Ambrósio tem dedicado a maioria do seu tempo à instituição, ajudando, dentro das suas possibilidades, nas tarefas diárias.
Varrer o lixo nas imediações da Santa Casa é, actualmente, um dos trabalhos efectuados pelo idoso de 69 anos. O avanço da idade tem-lhe tirado algumas forças, pelo que deixou de ir à Quinta de S. Jorge com tanta frequência.
“ Ao domingo de manhã ou à tarde ainda me desloco à quinta a pé, para matar saudades dos tempos em que passava lá a maior parte do tempo”, salientou o sexagenário.
Mário Ambrósio entrou para a SCMB ainda no tempo do cónego Valdemar, que era o provedor da instituição, na altura, que lhe deu oportunidade de realizar as tarefas a que estava habituado.
Lar substitui a família
Trabalhar na Quinta de S. Jorge, onde tratava da horta e cuidava dos animais, foi a ocupação que deu ânimo a este utente durante anos. Mário Ambrósio não tinha uma família de acolhimento, pelo que, mesmo depois de recuperar da operação, decidiu dedicar a sua vida à SCMB, que passou a ser a sua família.
Como forma de se sentir útil e em troca de alguns géneros, o utente decidiu dar continuidade à vida que levava na aldeia, uma iniciativa aprovada pela instituição, para que Mário Ambrósio passasse os seus dias com mais alegria e vontade de viver.
Com o passar dos anos, este idoso já perdeu algumas forças, mas continua a fazer as tarefas que estão ao seu alcance em prol da instituição.
“Para mim, parar é morrer. Por isso, todas as folhas e lixo que encontro lá fora pego numa vassoura e numa pá e limpo”, realçou este idoso.
Além disso, Mário Ambrósio é o utente mais conhecido na SCMB, pelo convívio e amizade que estabelece com os utentes e funcionários da instituição.
Tarefas diárias dão vitalidade
“Toda a gente gosta dele. É uma pessoa meiga, amiga, responsável, acata bem os pedidos e as sugestões e está sempre atento a tudo”, acrescentou a educadora social, Marcelina Asseiro.
Apesar de Mário Ambrósio não ser o utente mais antigo da Santa Casa, Marcelina Asseiro confessa que este idoso é aquele que colabora mais nas actividades e é uma pessoa muito activa, tornando-se num caso “histórico” para a instituição.
Por isso, a SCMB, que o acolheu quando precisava de ajuda, decidiu prestar-lhe uma homenagem, tanto pelos 20 anos de estadia, mas, principalmente, pela sua dedicação à instituição.
“Este é um caso único na SCMB. Não tivemos aqui mais ninguém com esta força e vontade de viver”, acrescentou a educadora social.
Marcelina Asseiro, uma das funcionárias que recebeu este utente, realça, ainda, que é fundamental para os idosos poderem fazer aquilo que gostam, para se sentirem úteis, mesmo deslocados do seio familiar.