100 anos de linha do Tua

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Ter, 07/11/2006 - 11:10


Quase 100 anos depois da chegada do comboio a Bragança, vale a pena conhecer o que resta do caminho-de-ferro entre a capital de distrito e a cidade de Mirandela.

A resposta é rápida, simples e dura, porque além de duas ou três excepções, os vestígios da ferrovia não vão além das pontes, estações e apeadeiros abandonados.
As antigas gares de Bragança e Salsas são dos raros exemplos de recuperação, a par do apeadeiro de Rebordãos, restaurado pelas Estradas de Portugal, na sequência das obras no IP4.
Na realidade, 100 anos de vida deveriam ser motivo de festa, mas no caso da Linha do Tua nem vale a pena soprar velas, porque o comboio chegou a Bragança a 11 de Dezembro de 1906, mas não demorou um século a desaparecer. De facto, desde 1992 que deixou de percorrer os carris a norte da estação de Carvalhais (Mirandela), deixando para trás algumas das memórias que hoje publicamos.
Entre passado e presente, faltou vontade e cooperação para transformar o antigo canal ferroviário na maior ecopista do País, com o indispensável apoio do programa Interreg.
Os municípios de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela nunca souberam dar as mãos em torno deste projecto e dificilmente o poderão fazer na vigência do Quadro de Referência e Estratégia Nacional (QREN), que vigorará a partir do próximo ano.
Foi-se uma oportunidade que outros concelhos do Norte do País souberam agarrar. No distrito de Bragança, a ecopista entre Torre de Moncorvo e Larinho já é uma realidade e estender-se-á a Carviçais. Entre Valença e Monção, dois municípios souberam transformar 25 quilómetros da linha do Minho num corredor verde asfaltado que vê passar centenas de bicicletas e caminhantes, em especial aos fins-de-semana.
E se estes três concelhos conseguiram salvar os seu património ferroviário e (re) pô-lo ao serviço das populações, porque não outros três (Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela) olharem e seguirem este exemplo?
Numa terra onde a bandeira do turismo nunca falta nos discursos autárquicos, falta chamar a esta causa os municípios de Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Miranda do Douro. O comboio já não volta e só resta recuperar o que dele resta, antes que seja tarde.