Quem, por compromisso assumido se propõe dissertar sobre temas atuais, semanalmente, confronta-se frequentemente com a dificuldade de selecionar um tema tanto em alturas em que os mesmos escasseiam como, igualmente, quando abundam. Nesta semana são variados os assuntos que agitam a sociedade desde os incompreensíveis despedimentos no Bloco de Esquerda até à humilhante acusação a um deputado da nação e, pior ainda, a estranha, incompreensível e degradante resposta do seu antigo grupo parlamentar para o ostracizar e repudiar. Por norma, não gosto de me pronunciar “a quente” sobre matérias, sobretudo quando polémicas pois as parangonas tituladas, frequentemente, mascaram a realidade, muitas vezes mais comezinha. Mantendo e respeitando esta opção entendi por bem comentar a entrevista que o antigo Presidente da Assembleia da República deu, recentemente, à RTP2 onde discorreu sobre os candidatos à Presidência da República, matéria em que é, assumidamente, parte interessada. Não para enaltecer as suas próprias qualidades (não seria o primeiro nem a primeira vez – quem não se lembra do polémico autoelogio na antecâmara da receção ao Presidente do Brasil, Lula da Silva?), mas para apontar as pretensas debilidades de putativos concorrentes. Custa-me a entender que alguém, assumindo-se como democrático e, assim sendo, respeitador das opções da maioria queira condicionar as possíveis escolhas a critérios seus, onde faz uma primeira seleção sobre o que é ou não é aceitável. Segundo Santos Silva não é aceitável uma candidatura de um comentador televisivo promovida por um partido. Muito menos a de um ex-militar. A sério? Desde quando? Desde que Gouveia e Melo e Marques Mendes aparecem à sua frente nas sondagens? Curiosamente nenhum desses “impedimentos” consta da Constituição da República, único documento determinante para a elegibilidade de qualquer pretendente a ocupar o Palácio Rosa… Ninguém deveria ir além disso, muito menos quem ocupou a cadeira mais elevada do parlamento que a redigiu! Mais contundentes e mesquinhas foram as considerações sobre o seu correligionário António José Seguro a quem acusou de se “destacar” apenas com banalidades. Não concretizou nenhuma delas mas a este propósito, lembrei-me de algumas, embora não fossem da autoria do antigo líder do PS, tais como a expressão do gosto de malhar na direita e com especial prazer nos sujeitos que se dizem da esquerda plebeia ou chique! Isto, sem esquecer a classificação de jornalismo de sarjeta à comunicação social que não acatava as diretivas de José Sócrates, à data Primeiro Ministro e seu grande amigo. O melhor ficou para o fim: o candidato ideal, o único que merece figurar no boletim de voto – António Vitorino, porque “cumpre todos os requisitos”. Aliás, se for ele o candidato, Santos Silva não se candidatará… certo que o contrário também será verdadeiro. Lembrei-me de uma história que o meu pai contava, amiúde: “Cá, na Freguesia só há dois homens bons: um és tu, compadre Zé e o outro dirás tu, compadre, quem é!”