class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-165389 node-type-noticia">

            

Torga e Trás-os-Montes

Ter, 23/01/2007 - 17:19


As comemorações do centenário de Miguel Torga tiveram início, na passada quarta-feira, com a dissertação de Ernesto Rodrigues, que destacou a ligação do escritor transmontano à sua terra natal.

O docente da Universidade de Lisboa (UL) salientou que Torga sempre utilizou uma “linguagem das raízes”, pelo que se encontram diversas expressões típicas da região que o viu nascer na maioria das suas obras. A lareira, o borralho, o restolho são alguns dos vocábulos tradicionais que se podem encontrar nas cerca de mil páginas de poesia escritas pelo patrono da escola de Bragança.
Na óptica do professor da UL, Miguel Torga utilizava a literatura para matar saudades. “Não nos podemos estar sempre a lamentar e, para Torga, escrever era uma forma de matar saudades. Ele vivia em Coimbra e só vinha para estes lados por causa da caça”, acrescentou o responsável.
O Nordeste Transmontano também serviu de inspiração ao escritor natural de Vilarinho da Anta, no distrito de Vila Real. Na sua obra, há excertos sobre paisagens e aldeias bragançanas, entre os quais se destacam as alusões a Rio de Onor, que classifica como “uma espécie de paraíso”.

Escola de Bragança encontra em Torga a força para triunfar e evoluir ano após ano

Ernesto Rodrigues salientou, ainda, que Miguel Torga era visto como um “poeta menor” junto da elite lisboeta. “Nos últimos anos foi muito criticado porque era considerado um poeta conservador e retrógrado, sobretudo por causa das formas, que são características da sua obra”, acrescentou o professor de literatura.
Poesia, cinema, teatro, exposições, desporto, música e conferências são as modalidades artísticas escolhidas pela Escola Miguel Torga para homenagear o centenário do seu patrono.
Durante um ano, professores, alunos e, até, a comunidade bragançana vão recordar a obra do escritor transmontano através das múltiplas actividades que irão ser desenvolvidas para prestar tributo a Miguel Torga, bem como para comemorar o vigésimo aniversário da escola a que o escritor dá o nome.
Durante a cerimónia de abertura das comemorações, o director do Conselho Executivo daquele estabelecimento, José Carrapatoso, salientou que o escritor sempre esteve presente no projecto desenvolvido pela escola, pelo que ainda hoje vão buscar a Torga a força para triunfar e evoluir, ano após ano.