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Brisas de descontentamento

Ter, 23/01/2007 - 16:39


Bragança tem vivido ultimamente momentos de satisfação apesar de todo o peso que a economia nacional e internacional têm vindo a exercer levando a uma contenção nunca vista.

Mesmo assim, a aposta na modernização de alguns aspectos quer logísticos, quer físicos ou outros têm vindo a luz e felizmente, com votos favoráveis de praticamente toda a população. Se por um lado, é de louvar a preocupação do município e das instituições em renovar a sua aparência, a sua imagem e a sua implantação, é igualmente de exaltar o esforço em o conseguir de modo tão exemplar.
Na realidade, não é fácil levar a efeito perante as actuais condições económicas, tais melhorias, até porque tudo se conta por milhares. Mas há que equacionar se a cidade e as instituições merecem ou não tal esforço. É claro que sim. Podemos ser pobres, mas não somos burros! Tudo o que puder ser feito para melhor, em prol desta cidade, nós agradecemos. Daí o ver surgir algumas obras marcantes na cidade e que farão história doravante, até porque elas também são parte da nossa história.
Há dias inaugurou-se o antigo edifício do quartel dos Bombeiros, com a presença do Secretário de Estado da Economia e outras individualidades locais, como é da praxe, destinado a albergar os serviços da ACISB – Associação de Comércio, Industria e Serviços de Bragança e também a Direcção Regional de Turismo do Nordeste Transmontano. Foi uma agradável surpresa! Se a recuperação exterior do edifício já era admirada por quem por ali passava, o interior do mesmo é excelente. Não há críticas negativas a fazer a esse respeito. Tudo pauta pelo bom gosto quer dos acabamentos, quer das instalações e mobiliário das instituições que para lá vão. Que mais se pode desejar?
Por outro lado, o antigo edifício do tempo do Estado Novo na Rua Abílio Beça e que já albergou vários serviços e vai agora pertencer à Junta de Freguesia de Santa Maria, parece estar outra obra-prima de recuperação e a Junta não vê a hora da mudança, por tão ansiosa estar. Finalmente este edifício acabou por ficar na mão da autarquia, depois de o terem deixado escapar há alguns anos atrás. Que pena seria vê-lo destruir ou servir outros propósitos que não fossem o do Estado Português!
Igual destino parece ter o antigo Banco de Portugal, cujas obras de restauro, embora demoradas, parecem estar quase a chegar ao fim. Também este edifício vai ter um destino nobre dando à cidade mais um motivo de orgulho. Seja o que for que para lá esteja destinado e parece que será Museu de Arte Contemporânea, tudo será dignificado certamente naquele espaço. É isso que aliás se pretende.
Outros edifícios ficarão a aguardar uma recuperação digna e para eles se espera igualmente o mesmo bom gosto e a mesma preocupação na sua reabilitação. Penso que é dever do município recuperar os edifícios históricos da cidade, de modo a enaltecer a nossa História e a dignificar as instituições que os vão ocupar. Na nossa cidade há imensos imóveis com uma história extraordinária e que não merecem ser esquecidos ou simplesmente desaparecer. Uns, estão felizmente ocupados e servem os seus donos, outros, desocupados ou temporariamente ocupados, esperam que o município se compadeça com o seu estado e tenha a ombridade de lhe conceder roupa nova integrando-os numa nova história da cidade. Como diz o povo, do velho se faz novo e por vezes o renovado serve melhor que o novo mal acabado.
Mas as novidades não se ficam pelos imóveis. O Ministro dos Assuntos Parlamentares veio a Bragança este fim-de-semana para assistir a dois eventos marcantes: uma aposta do Jornal Nordeste nas novas tecnologias e cujo projecto apresentou no Auditório paulo Quintela e também ao aniversário do Jornal O Mensageiro de Bragança que, além de festejar 67 anos, também apresentou um projecto de inovação tecnológica a implementar dentro em breve. Ambos apostam na inovação e já se vislumbram tempos novos para o jornalismo. De facto ler o jornal no telemóvel ou através de uma página web ou mesmo aceder a uma TV regional, vai ser extraordinário. Bragança merece tudo isto. Só não merece é que o senhor ministro nos venha dizer nos seus discursos coisas como "... o interior já não existe" ou "67 anos, bonita idade! É por isso que dizemos que ninguém se deve reformar cedo..."! Francamente!
Hoje Bragança situa-se no corredor europeu que indubitavelmente verá o seu dia no momento em que a A4 estiver concluída. Pois então há que a enobrecer, não com coisas balofas, mas com o que de nobre temos e podemos mostrar a quem nos visita. Não podemos ficar por algumas brisas de contentamento. Queremos mais. Seremos grandes se a nossa cidade for grande. E será.