Qua, 03/01/2007 - 11:11
Chocalheiros, Velhos, Farandulos, Carochos, Moços e Sécias saem à rua em verdadeira algazarra e, até ao dia de Reis, ainda é possível apreciar as “diabruras” destas figuras em muitas das aldeias dos concelhos de Miranda do Douro e Mogadouro.
“Os historiadores da Idade Média viam estes rituais pagãos como autênticas acções do demónio. No entanto, os costumes de pedir para o Santo Menino e a Imaculada Conceição foram tentativas da Igreja para os cristianizar”, explica o director Museu da Terra de Miranda, António Mourinho.
No caso do Farandulo de Tó, no concelho de Mogadouro, esta festa celebrava-se no dia seis de Janeiro, mas com a partida da mocidade da aldeia para estudarem ou cumprirem o serviço militar, o dia das celebrações teve que ser antecipado, para que a tradição não se perdesse por falta de figurantes. Nesta localidade, ainda é possível ver, com bastante realismo, toda a interacção do conjunto formado entre a Sécia, Moço e Farandulo.
No Nordeste Transmontano ainda é possível encontrar rituais, que tentam sobreviver e preservar a memória colectiva
Aqui, este tenta enfarruscar e tocar a Sécia, defendida pelo Moço. O Farandulo não poupa as mulheres, já que tem de lhes deixar na face uma marca feita com tinta de graxa ou cortiça queimada. O Farandulo é sempre representado por um rapaz solteiro que escolhido meses antes pelo mordomo da festa.
Já em Bemposta, a tradição é bem diferente, uma vez que apenas uma figura com uma pesada máscara tauromáquica percorre as ruas da localidade em passo de corrida mantendo a curiosidade em relação à sua identidade. A sua identidade só é dada a conhecer à entrada da Missa de Ano Novo. Este ano, a tradição foi cumprida por uma rapariga.
No Nordeste Transmontano ainda é possível encontrar estes rituais, que tentam sobreviver e preservar a memória colectiva.